25 de Abril
Este post vai atrasado, mas não queria deixar que o 25 de Abril passasse por aqui. Faz 34 anos, não é? E diz-se que agora a data não passa de um qualquer 5 de Outubro, um feriado a mais no calendário assinalado com sessões solenes e sem qualquer festejo popular. Diz-se ainda que Cavaco Silva fez um discurso muito bom. Mandou elaborar um estudo e, pasmado, decidiu gritar Ai Jesus!!! porque os meninos não sabem o que foi o 25 de Abril, não sabem que foi o primeiro Presidente da República pós-ditadura e muito menos sabem que o Sócrates governa com maioria absoluta.
O senhor Cavaco Silva, Presidente desta República assinalada com discursos a 5 de Outubro e desta democracia que ele usa sem cravo na lapela, está pasmo. Pasmo porque «os jovens», essa massa de gente que habita este país, não sabem. E então como não sabem algo está mal. E o senhor Cavaco preocupa-se com isto. E fala para quem quiser ouvi-lo, para quem lhe assentar a carapuça.
Os comentadores aplaudem, que o senhor é um digno e polido político, os directores de jornais juntam-se ao rol de culpados e batem no peito (bem, é mais no peito dos outros, os das televisões) e a RTP passa canções durante duas horas.
Eu gostava era de ter ouvido o senhor Cavaco, o senhor Presidente da República, no fim daquele discurso, pedir então desculpa pelos dez anos em que governou esta democracia, pelo dinheiro que recebeu para o fazer e pelos tostões que então investiu na educação dessa gente jovem. Parece que ficaram todos enterrados debaixo de betão ou nas malas dos jipes dos agricultores portugueses que estacionam em cima dos passeios.
É caso para dizer que é preciso ter lata. Uma republicana lata.