lista de compras: A mulher é para estar em casa

13.4.08

A mulher é para estar em casa

Eu também acho. A sério. Que motivo teria uma qualquer produtora independente e posteriormente uma estação de televisão, ainda por cima pública, para contratar uma mulher para fazer documentários?

É que toda a gente sabe. As mulheres só têm bons trabalhos e são bem remuneradas e sobem na carreira porque andam a dormir com algum homem. Porque caso contrário tal cenário seria impossível.

Toda a gente sabe. Uma vez por mês têm o período e andam mal humoradas. Com azar, ainda sofrem de Tensão Pré-Menstrual e é mais uma semana de mau feitio. Se andam mal fodidas então é o fim, não há trifen que lhes valha.

Quando o período não estraga a comportamento que deveria ser gentil, submisso e amigável, é porque ficaram outra vez grávidas. E aí então é a desgraça total. Têm de ir ao médico não sei quantas vezes por mês, ficam de licença de maternidade e quando voltam ainda andam um ano a trabalhar menos duas horas por causa da amamentação.

Depois os putos, não é? Ficam doentes, há reuniões na escola, há férias a toda a hora, há refeições para preparar e horários de creches. Como se não bastasse, algumas continuam a ser mal fodidas. Poderá ter sido da episiotomia.

E depois as sensibilidades. Toda a gente sabe. Elas são muito sensíveis. É uma chatice se o chefe lhes fala mais alto ou se diz alguma asneira que elas desatam a chorar. É que as mulheres choram bastante, principalmente, lá está, se forem umas mal fodidas.

Portanto, só se vêem de facto duas razões para contratar mulheres para qualquer trabalho que não seja o de limpar escadas ou ser caixa de supermercado: ou são boazonas, andam de mamas fora do decote e por conseguinte o patrão alimenta a esperança de as conseguir levar para a cama, ou o patrão já as levou para a cama e quer continuar, retribuindo com aumentos salariais e promoções.

O pior é que o Rui Gomes da Silva não é o único que pensa assim.