lista de compras: maio 2006

30.5.06

Torná-las visíveis

in jornal Expresso
No dia em que me deparei com esta fotografia tinha uns sapatos da Zara calçados. Custaram-me 45 euros, ficavam bonitos com o vestido, mas ao fim do dia já me magoavam o pé. Olhei para eles e vi que tinham uma costura mesmo onde o pé assenta.
No dia em que me deparei com esta fotografia fiquei com os dedos encarquilhados, porque não me doíam mais do que os destes rapazes que se calhar puseram aquela costura que me estava a matar! Para que eu pudesse gabar-me de ter comprado uns sapatos tão giros e por um preço razoável, alguém, se calhar uma daquelas duas crianças, tinham feito quantos cortes nos dedos com o fio de nylon que serve para os coser?
Nesse dia em que eu andava bonita em cima dos meus saltos altos o que comeram aqueles rapazes a quem foi pago 40 cêntimos por um par de sapatos?
Podem muitos dizer que se não tivesse sido aqueles eram outros, talvez na Índia, ou na China, ou na Roménia, ou em qualquer outro lugar do mundo. Podem.
Mas a verdade é que dentro daqueles sapatos de verniz branco os calos doeram como nunca. Doeu-me até ao coração. Doeu-me ao ponto de pensar como. Como pude entrar num esquema destes?
Os sapatos estão dentro de um saco. Já os comprei. Já os usei. Mas juro que não vou ser capaz de os calçar assim levianamente. Ao menos aleijam-me. Ao menos que sirvam para eu sentir um bocadinho a dor daquele fio de nylon que todos os dias corta as mãos de meninos e meninas.
Ao menos isso.

26.5.06

25.5.06

Além disso....


Ando demasiado ocupada a ouvir este o o outro vezes sem conta até saber tudo de cor.

...

Umas sandálias novas, umas unhas vermelhas e um corte de cabelo que pode não ter corrido muito bem depois, continuo sem tempo para posts.

17.5.06

Ai que horror, sei lá!

«Tenho esperança que [a selecção Nacional] perca o mais rapidamente possível. É horrível ser constantemente bombardeado com notícias de futebol.»

Saldanha Sanches, in Correio da Manhã

15.5.06

Estou dividida...

Porque não sei bem do que falar.

Por um lado tenho passado os dias a praguejar contra o cabrão do Scolari. Anda a irritar-me solenemente. Primeiro dá a lista de convocados ao Record - por sinal ao jornalista que foi assessor da Federação e agora cobre a Federação. É também o gajo que nas conferências de imprensa só faz perguntas de lambe botas ao homem. É o que se chama o cultivo das fontes, enfim...

Depois, como se não bastasse, não convoca o Quaresma, nem o João Moutinho.

Porque o Scolari, pá, não cede a pressões. Não cede! É teimoso que nem uma mula e basta alguém dizer que este jogador e tal e coiso, devia ser chamado, para sua excelência armar uma fitarola e não o convocar.

Foi o que aconteceu com o Quaresma. Ai acham que ele tem de ir? Ai é? Então é da maneira que não vai.

Ai acham que o Costinha lá por não jogar não deve ir? Pois é da maneira que vai.

O quê? E o Quim também não joga? E depois? Vai.

Não me parece que Scolari seja um homem que não cede a pressões... Scolari é mas é um gajo do contra.

Ca nervos!

Mas não é só o futebol que me anda a enervar. É também as merdas das manifes contra o fecho de algumas maternidades. O argumento desta gente é: EU QUERO NASCER NA MINHA TERRA!

Não é: EU QUERO O MELHOR PARA OS MEUS FILHOS, O MELHOR PARA AS GRÁVIDAS... Não. EU QUERO É NASCER NA MINHA TERRA.

Sabem que mais? Nasçam lá onde vocês quiserem e depois não se queixem. Mas qual é o drama? Aiiiii, Deus me livre ter de nascer em Chaves! Então se eu sou de Barcelos.... Eu quero é nascer em Barcelos, gritam os fetos aos pontapés nas barrigas das mães, já aterrorizados por lhes trocarem os sotaques, coitadinhos.

Onde é que já se viu uma pessoa nascer fora da sua terra? Eu acho mesmo que deveria haver uma maternidade por Freguesia. Afinal, por que raio teve o meu filho de nascer em S. Domingos de Benfica se vivemos na freguesia do Lumiar e o pai até quer que ele seja do Sporting?

Com isto tudo, o rapaz ainda sai lampião à conta do sítio onde nasceu. Está mal, não é? Não se faz isto a ninguém.

Não fosse a culpa não ser dos fetos, o que me apetecia mesmo dizer era: ide para a puta que vos pariu!

12.5.06

E já está!

Depois de o José Cid ter dado cabo do blogue, fui eu que dei cabo dos posts e respectivos comentários.

Foi a única maneira de resolver o problema criado pleo facto de me ter armado em parva a fazer um teste sobre que música do José Cid era eu. Deu «Um Grande Grande Amor». Ou melhor, deu em uma grande grande salgalhada.

A todos os que tentaram ajudar resolver este problema o meu muito obrigada.

E agora não tenho tempo para mais.

11.5.06

Pois!

Que os portugueses andam deprimidos, que a marca Portugal não vende, que se queixam, que isto, que aquilo. Mas a verdade é que tudo anda a desajudar. Agora é a Danone a entrar na campanha «Por Um Portugal Mais Deprimido».

Sim, a Danone. Sim, os iogurtes.

Expliquemos: até há umas semanas, abrir um iogurte Danone dava direito a um sorriso logo de manhã. Levantava-se a tampinha e zás! levávamos logo com a primeira ensaboadela ao ego do dia. «És uma princesa», «Doces manhãs», e por aí fora.

Agora um palhaço qualquer decidiu mudar os dizeres das tampas. Agora, em vez de nos chamarem princesas, dizerem que somos um doce ou apelarem ao sorriso, os cabrões dos iogurtes dizem-nos aquilo que os nossos avós, pais ou tias enfadonhas dizem:

«Devagar se vai ao longe», «Quem muito espera pouco alcança» e outras merdas bafientas do género.

Por este andar ainda acabo mesmo a comer os iogurtes do Lidl! Pois!

4.5.06

Não percebo...

... por que razão ninguém partilha comigo a alegria do novo frigorífico. É que o bicho, pá, é lindo. Lindo!

2.5.06

Kings, vinho tinto e o Jamaica às moscas

Este fim de semana fui ver, assim sem aviso prévio, o concerto dos Kings of Convenience. Fui por uma questão de conveniência, digamos. O meu objectivo era ir à festa de encerramento do IndieLisboa, mas tinha de aguentar-me acordada até à meia noite o que, ficando em casa, seria impossível. Por isso aproveitei um bilhete mais ou menos extra e fui.

Confesso que tinha ouvido duas músicas destes rapazes antes de pôr o pezito na Aula Magna. Uma dessas vezes em que os ouvi no autorádio pareceram-me assim um género Simon e Garfunkel sem tanto falsete....

Bom, estavam ali os rapazes, com uma luz ténue em palco, um deles tem um ar de nerd inimaginável, mas olha, é divertido, tem sentido de humor. Aliás, não fosse isso e juro que teria adormecido na quinta música, ou na quarta, ou na sexta, visto que aquilo tudo me soava sempre igual....

Teria.... não fosse de facto o divertido nerd e o cheiro que emanava da fila da frente.... Pois que logo havia de ter ficado sentada atrás de um grupinho de neo hippies que decidiram regar o concerto com vinho tinto alternado com vinho do Porto. Era garrafa a passar para um lado.... garrafa a passar para o outro.... e de cada vez que as criaturas abriam a boca lá vinha o cheiro. Isto chegou ao ponto de às tantas uma rolha de garrafa ter aterrado no meu colo, depois de a rapariga descordenada que estava à minha frente a ter largado numa tentativa vã de estalar os dedos ao ritmo - sempre lento - da música.

A sorte é que quase no final do concerto os gajos decidiram chamar as pessoas para o palco e eles lá foram espalhar o seu perfume - ah, é claro que temos de juntar ao tintol o sovaco que nunca viu uma gillete e os cabelinhos oleosos. Pergunta: não se pode ser neo hippie e tomar banho ao mesmo tempo?

Bom, adiante. O concerto até foi engraçado, bora lá para a festarola do IndieLisboa que prometia boa música por três euros. Chegados ao Convento das Mónicas havia uma bicha de cem metros para entrar. Ok, vamos lá aguentar, logo se vê o que isto dá. Vinte minutos depois entrámos.

E logo se percebeu o motivo do atraso. Duas moças sentadas numa secretária recebiam os ditos 3 euros e carimbavam o pulso de quem entrava. Digo já aqui que ODEIO ESSA MERDA dos carimbos. Mas vá.

Achámos estranho não se ouvir música na rua, mas ficámos na dúvida. Ora dúvidas imediatamente desfeitas assim que chegámos à sala. O som era uma valente porcaria, cheio de ruído... Ninguém dançava - pudera - e tinhamos de comprar senhas para ir buscar as bebidas ao bar.

Meia hora depois estávamos de lá para fora.

Pergunta: esta merda desta festa era para dar a ideia de que a coisa é tão independente que não faz mal que pareça assim uma daquelas festas de faculdade para angariar dinheiro para as viagens de finalistas, mas com pior som?

Alguém me diga que gostou daquilo e depois me explique por que razão, por favor!

Lá fui então para casa, com uns euros a menos e completamente desconsolada. O resto da malta foi até ao Jamaica e - pasme-se!!!! - quando chegou lá estavam cinco pessoas lá dentro. 5, cinco, cinq, five!

Que noite bizarra. No mínimo, bizarra...