lista de compras: dezembro 2008

29.12.08

Kgs

Fui com 57, voltei com 59... Malditas fritas de abóbora!

21.12.08

Cheguei

Este ano vim mais cedo. Já estou sentada à lareira, a ganga das calças a ferver e a queimar as pernas, o sono a vir e eu sem coragem para sair da frente do lume.

A viagem gastronómica - que é uma forma polida de dizer "a engorda" - também já começou. Iniciámos com um coirato em vinha de alhos assado na brasa por cima de uma fatia de broa de milho. Seguiu-se o jantar: arroz de costelos com sanchas.

Os doces ficam para mais tarde. Mas serão muitos. E bons.

Sim, o Natal por aqui já começou.

11.12.08

Adélia e Eu

Não gosto nada daquelas correntes em que temos de escolher cinco qualquer coisa sobre nós e a vida e os livros e os discos e sei lá mais o quê. Mas li aqui este post da fabulástica Madame Mean e achei que isto é que dava uma boa corrente... Eu vou experimentar.

Aqui fica o meu Adélia e Eu:

Meu Deus,
me dê cinco anos.

Me dê um pé de fedegoso com formiga preta,
me dê um Natal e sua véspera,
o ressonar das pessoas no quartinho.

Me dê a negrinha Fia pra eu brincar,
me dê uma noite pra eu dormir com minha mãe.

Me dê minha mãe, alegria sã e medo remediável,
me dá a mão, me cura de ser grande.

Ó meu Deus, meu pai,
meu pai.

(Adélia Prado)


Meu Deus,
me dê cinco anos.

E me traga a neve que me molhava as mãos,
o musgo frio que apanhava nos muros.

Me dê a voz da minha avó ao adormecer,
e a mão da minha mãe na barriga que me tirava a dor.

Me dê o lume de chão, o colo grande do meu avô,
e as panelas a fervilhar no fogão de lenha.

Me dê os anos em que não havia finitude
e todos estávamos, ainda, à mesa no Natal.

1.12.08

A Neve

Juntámo-nos quase todas no sábado. Já temos a pele da cara mais mole, há filhos, empregos, casas e cidades diferentes. Vimo-nos nas fotografias com os cabelos que as nossas mães cortavam à tesourada, as pernas escanzeladas, os ténis sanjo, à beira rio, no meio do campo, sem noção do tempo, sem sabermos que iríamos ficar assim, mulheres e mães. Como as nossas ali ao nosso lado, magras, de cabelo frizado, blusas com chumaços e a pele firme.

Domingo de manhã a minha mãe ligou: «Está a nevar aqui!» E por momentos sonhei que estava na minha cama quentinha, a minha mãe a entrar no quarto, pé ante pé, e a sussurar-me ao ouvido: «Depressa, vai à janela!».