lista de compras: outubro 2005

30.10.05

Bem aventurados os que ousam....



.... porque é assim que o mundo avança.

Parece que anda aí uma grande discussão sobre a nova campanha da Renova. Há quem diga que é blasfémia, há quem diga que é usar o nome de Deus e dos Evangelhos em vão.

A campanha da Renova é baseada nas Bem-Aventuranças e é composta por uma série de fotografias maravilhosas de François Rousseau que podem, por enquanto, ser vistas aqui. Lá por alturas do Natal vai ser publicada em livro.

François Rousseau tirou todas estas imagens na Rocinha, uma das maiores, senão a maior favela do Rio de Janeiro. Estima-se que lá vivam duzentas mil pessoas.

Dessas, umas dezenas participam nesta campanha que, se mais nada poderá fazer, mostra-nos que bem-aventurados são todos os justos, os pobres de espírito, os mansos, os que choram, os que têm fome, os que têm sede de justiça, os misericordiosos, os pacíficos, e que mesmo vivendo na Rocinha pode um dia ser deles o Reino dos Céus.

26.10.05

Os pardais

Recebi este mail hoje:

«Vejam a escandaleira deste governo!!!

E confiem na objectividade da análise jornalística!!!Confiem neles!!!

É mais um escândalo.... Agora com os JORNALISTAS!!!

Porque é preciso ter os jornalistas na mão.... . . .O subsistema de saúde destes pardais é INTOCÁVEL!!!

A caixa de previdência e abono de família dos jornalistas é dirigida por uma comissão administrativa cuja presidente é a mãe do ministro António Costa e do Director-Adjunto da Informação da Sic, Ricardo Costa (Maria Antónia Palla Assis Santos - como não tem o "Costa", passa despercebida...).

O inefável Ministro José António Vieira da Silva declarou, em Maio, último que esta caixa manteria o mesmo estatuto!Isso inclui regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública (ADSE), SNS e os outros subsistemas de saúde.

É só consultar a tabela de reembolsos anexa....Mas este escândalo não será divulgado pela comunicação social, porque é parte = interessada (interessadíssima!!!) pelo há que o divulgar ao máximo por esta via!!!

Passa esta mensagem ao máximo de pessoas que conseguires!!!»

1. É verdade. Os jornalistas têm um subsistema de saúde.
2. Nunca vi jornalistas a DENUNCIAREM o facto de existirem subsistemas de saúde tipo, «ESCÂNDALO NACIONAL! OS JUÍZES PAGAM MENOS PELOS ÓCULOS!!!»
3. Não percebo por que raio ter um subsistema de saúde faz com que não se seja isento.
4. Sendo uma classe de PARDAIS percebo que não acabem com o subsistema, visto que estamos demasiado expostos à gripe das aves.
5. A mãe do António Costa e do Ricardo Costa é, caso não saibam, jornalista, com certeza por isso está na dita comissão ou o raio.
6. O Governo escusa de ter medo de acabar com o subsistema dos jornalistas, porque sendo a classe como é, não vai haver manifes, nem greves, nem nada e muito menos todos os jornalistas vão passar a dizer mal do governo. Senão, vejamos:

a) a maioria dos jornalistas recebe mal e porcamente
b) os estagiários não recebem um tusto
c) os contratos são precários, há centenas a recibos verdes
d) a maioria das empresas não paga feriados, trabalho nocturno, horas extraordinárias, trabalho em dia de folga, pernoitas (a não ser que se trabalhe na RTP ou RDP).
e) muitos andam com contratos a prazo não sei quanto tempo depois de lhes ter sido dito que iam logo para o quadro.


7. Portanto, caro/a indignado/a, não se preocupe assim tanto com a informação que consome, nem deixe de dormir à noite porque nos pagam metade das consultas médicas. Porque afinal de contas, todos os dias damos notícias a dizer que é escandaloso fazerem certas e determinadas coisas a certas e determinadas pessoas quando somos nós a sofrer também na pele esses problemas. Quantos estagiários fizeram peças sobre gente que não recebe, quantas pessoas a recibos verdes fizeram reportagens sobre quem não tem trabalho garantido e é despedido por estar grávida, por exemplo, e ao mesmo tempo estar a passar por essa situação.

8. Sabe que mais? Quando encontrar mais alguma regalia dessa classe de PARDAIS que não seja o subsistema mande mails. Mas mande muitos, tá bem?

9. Pode, já agora começar também a enviar o seguinte mail: o patrão da Impala despediu 17 pessoas sem mais nem porquê. Chamou-lhe despedimento colectivo parcial. Mas pronto, como esta gente tem um subsistema de saúde do caraças, não faz mal nenhum. Podem sempre ir dormir para uma cama de hospital, que lhes sai mais barato que um quarto numas águas furtadas.

Há coisas que, prontoS, sei lá, não havia necessidade...







O gajo passa-se. O gajo está passado. Isto tudo por causa de uma songa monga chamada Katie Holmes. Só pode ser aquela merda da igreja que lhe deu a volta ao miolo. Quer dizer, então o gajo passou até incólume por aquele penteado horroroso no filme Cocktail, brilhou em Magnolia, ficou lindo vestido de preto no Missão Impossível, e agora isto?

Então o gajo adoptou duas crianças, casou com uma mulher mais alta e não teve problemas nisso, trocou-a pela Penelope o que, sendo a gaja espanhola e tal, sotaque, morenaça, um sorriso encantador, até se percebe.

E então isto tudo, anos de adoração, quanto mais velho melhor, aquilo da Cientologia não deve ser assim tão mau, ele é lindo e de facto bom actor e agora deita tudo a perder? Agora quando olhamos para aquele sorriso lindo que dá vontade de dar gritinhos histéricos pensamos nisto? Nas figuras a que ele se prestou por causa da criatura?

Eu digo-vos. Eu, nem sei. Eu, pá, eu há coisas que prontos, pá, fico chocada, tão a ver? Ele que fizesse aquilo lá em casa, pá. Nós por aqui tínhamos apenas ficado à espera que aquilo acabasse e que ele ficasse assim com uma verdadeira star ou com uma gaja fixe. Não com a maior sonsa de Hollywood e arredores. Bolas. Já não basta a puta da crise?

24.10.05

Ora então passa aí a catana...

Bom quanto às meninas do Mira Rio vou abster-me porque pode ser mesmo só preconceito, mas de facto irrita-me aquele puritanismo bacoco das famílias bem que mandam as criaturas estudar para colégios só de meninas, «porque elas aprendem de maneira diferente deles» dizem os defensores da separação dos sexos no ensino e neste caso em tudo que não envolva procriação, à partida porque sairão de lá até mais bem preparadas. Mas mais bem preparadas para quê? Para TAR EM CASA como a mãe que casou com o administrador?

Afinal não me abstive assim tanto...

Bom, quanto ao segundo item, esse sim, dá-me a volta à cabeça, arrepia-me mesmo. Pois que (como diz o Figo) estava eu a fazer um zapping e lá passo no programa do Herman. Vejo então as criaturas, com os seus 5, 6, 7 anos, principalmente as meninas, que os rapazes têm um ar mais normal (houve um até que não ligou pêva quando a gaja helena napoleão lhe disse para ele «abrir a camisa para se ver que a roupa era Burberry's), a pavonearem-se numa passerelle como autênticas mulheres-modelos-que-fazem-boquinha-abanam-a-anca-ao-andar-põem-a-peitaça-para-fora-e-páram-com-olhar-matador. Juro que a única palavra que me vem à cabeça é PEDOFILIA.
Porque só um depravado pode achar graça, bonito, uma criança comportar-se como se tivesse um corpo adulto. Aquelas miúdas andavam como se tivessem um corpo adulto.

Mas as mãezinhas babam, e os pais também. E se há crianças que até se divertem a fazer aquilo uma vez ou outra, há muitas que sofrem horrores. E não estou a exagerar.

Tudo isto me arrepia.

E é gente que envia para revistas curriculos de crianças de 18 meses, com as respectivas medidas, que faz com que os filhos passem por estes sofrimentos. É claro que há putos que adoram tirar fotografias, como há putos que adoram jogar à bola e os pais não os obrigam a jogar rugby porque acham mais giro, não é?

Mas a imagem é tudo. Aparecer, aparecer, aparecer.
E as crianças-modelo-actrizes-fantoches continuam a encher os egos e os bolsos dos pais à conta destas Helenas Napoleões que organizam concursos de nome Little Model of The Year. Diz quem já lá esteve que só falta às mães arrancarem os cabelos umas às outras...

Pois eu sugiro que arranquem também a cabeleira loira dessa tal Helena Napoleão, ou pelo menos que da próxima vez que ela disser ao rapazito para ele abrir a camisa e lhe mostrar a marca da t-shirt ele lhe faça um grandessíssimo pirete, já que ainda não deve saber mandá-la para a puta que a pariu.

Fica aqui um excerto de um comentário num site sobre novelas de um canal de televisão. Público, canal público:

olá chamo-me pedro leandro tenho 5 anos, curso de manequim e fui filanista do Little Model 2004 da Produções Helena Napoleão gostaria de saber se poderei entrar nalgum casting para novelas ou anúncios publicitarios, obrigado

Para cinco anos, e apesar de alguns erros, o rapaz é desenvolto a escrever, hã?

Ainda sobre o Little Model, mais uma pérola:

As crianças vencedoras destacaram-se pela postura, naturalidade na passerelle e qualidades inatas.
Nesta edição , o Little Models teve como júris Filipa Sabrosa, Bibá Pita, Igor, do grupo Excesso, Luísa Silveira, da marca «Os Ursitos», e os manequins Amitte e Eusébio.
Neste desfile participaram crianças cujas idades variavam entre os quatro e os 12 anos.


Não há quem extermine esta gente? É que os miúdos que cosem sapatos ainda conseguem ser salvos, alguns, mas estas crianças, algumas delas que nem à escola vão de tanto terem de trabalhar, quem as protege? É que andar de BMW e vestir DKNY não é nem nunca será sinónimo de felicidade. Pelo menos para alguém com cinco anos.

Estava aqui a pensar...

... que queria escrever um post sobre

a) as criaturas que estudam no Colégio Mira-Rio e que diziam, à jornalista:

«A mãe tá em casa e o pai é administrador»
«A mãe tá em casa e o pai é gerente de um supermercado»
«A mãe tá em casa e o pai é administrador»

b) a criatura que dá pelo nome de Helena Napoleão e as mães e pais das criaturas que, com idades entre os 5 e os 11 anos se passearam na televisão como se tivessem um par de mamas tamanho 38, ancas e umas pernas de um metro, a fazerem boquinhas vestidas de DKNY e Kenzo

... mas como se calhar tenho de dizer muitas asneiras é melhor ficar-me pelas intenções.

20.10.05

Volta tabu!

E pronto. A partir de hoje, às oito da noite, vou ter de voltar a ouvi-lo numa base diária. Gosto tanto dele quando tem tabus e fica assim, caladinho, bocarra fechada, isolado na vivenda Mariani (sinceramente, ninguém pensa nisto, um PR com uma vivenda com nome?), a escrever uns textitos nos jornais... Mas não, tinha de falar.

Não vou escrever o nome, nem muito menos botar aqui uma fotografia, cruz credo!

19.10.05

A lista da lista

Fui ver o sitemeter e descobri que algumas pessoas chegaram a este modesto berlogue através das seguintes buscas no Google:

- Unhas de gel
- Cabeleireiros Chiado
- Dartacão
- Bombocas
- Mundial

Pergunto: será melhor levar isto a um analista?

Não um, nem dois....

Rui Nereu



... mas três guarda-redes.

E os outros ainda acham que a solução é procurar um treinador...

18.10.05

A máquina

O carro atravessa a cidade e a mão na manete das mudanças não pára, ainda que o semáforo esteja vermelho. O pé no acelerador vai mexendo freneticamente. Muda de estação. Não. Põe CD.

Entra no parque sem janelas e uma curva infinta. Sempre em segunda. Não precisa de tirar o papel. A máquina adivinha quando o carro pára e deita-lhe uma língua de fora.

Quanto tempo? Três horas.

Piso menos 2. Número 357. Vermelho.

No elevador as crianças olham as nossas caras com a curiosidade de quem não tem pressa. Há outra que adormece no carrinho.

Piso zero. Comida e cinema.

Wrap de salmão + wrap de queijo com fiambre. Nectar de pêssego. O telemóvel não toca. Ninguém quer falar. Bate o coração. Descansa, descansa.

Tempo: duas horas e quarenta e cinco minutos.

Um euro.

Suba.
58, 7 kg. 170 cm.

Pouse o pulso. Pouse o pulso. Pouse o pulso.

Máxima sistólica 122 mmHg
Mínima Diastolica 66 mmHg
Pulsações/ minuto 100

Prima tecla homem/ mulher

Índice de gordura 24, 7%
Massa de gordura 14, 4 kg
Massa sem gordura 44, 3 kg

Idade e sexo 30/ F

Atenção: isto não é uma consulta médica.

Sai. Pega na mala e tira o ticket.

Tempo: duas horas e 30 minutos.

Boa tarde. Vista a bata. Sente-se. Dê-me as mãos. Por favor, siga-me. Baixe a cabeça. Agora espere.

Paga com cartão.

Tempo: uma hora.

Lingerie. Desce ao nível zero. Acessórios. Meias. Dois pares. Tamanhos diferentes. Estende o cartão. Marca o número.

Tempo: trinta minutos.

Desce ao piso menos dois. Coloca ticket. Enfia moedas. Tira recibo.

Saca da chave. Abre o carro. Tranca as portas. Mete mudança. Sobe o túnel, sobe. Primeira.

Luz do dia. Fim de tarde.

Tempo: 0 minutos.

Agora adivinha o que me vai na alma.

17.10.05

Rita vem balançar!

O dia amanheceu chuvoso. Não há sol, o nevoeiro deixa-nos melancólicos e caem pingas grossas de água que não deixam ver as caras dentro dos carros.

Ouvem-se buzinas e há acidentes em catadupa.

O homem da rádio anuncia os graus, as vias entupidas e o Orçamento do Estado que promete mais um apertar do cinto. A cidade mexe-se, ainda que com a lentidão natural destes dias de Outono.

Horas antes, ainda a lua ia alta, e prevendo que passado poucas horas o barulho e a confusão citadina se instalariam, saiu do quentinho da barriga e gritou para o mundo que já cá estava, apesar do mau tempo.

Bem vinda Maria Rita.

15.10.05

Se eu soubesse como....

... PINTAVA ESTE BLOGUE TODO DE VERMELHO, CARAGO!
GANHÁMOS!!!! GANHÁMOS!!!! GANHÁMOS!!!!

14.10.05

A Ilha


Havana, Cuba


Quando ela cá chegou esteve dias e dias sem sair de casa. Em Sintra, sob o nevoeiro e o tempo chuvoso que a deixavam com saudades das praias e das palmeiras, escutava enrolada a um canto as palavras que todos os dias dos seus quase quarenta anos de existência foi ouvindo. O capitalismo era um horror. As crianças morriam doentes se os pais fossem pobres, as crianças eram analfabetas se os pais fossem pobres. Não se podia andar na rua em segurança.

Mas ela veio. Por amor, penso eu, mas veio. Dias em casa. O medo da Europa. O medo da democracia. O medo do capitalismo.

Não trazia no bolso uma caderneta como aquela que tinha no seu país. A caderneta onde estava apontado o que poderiam comprar em cada mês do ano no supermercado. As crianças só tinham direito a leite até aos sete anos. Fora da caderneta, tudo tinha de ser adquirido no mercado paralelo, pago em dólares.

Casou lá. Alugara um vestido de noiva, e ele um fato a condizer com a ocasião. Como todos os casais, tiveram direito a um bolo, 15 carcaças, três packs de cerveja, três garrafas de rum e duas noites num hotel. Só casaram uma vez. Mas conheciam quem casasse todos os anos. Quanto mais não fosse vendiam a cerveja e o rum e sempre havia mais pão todos os dias.

Lembra-se bem do dia em que a Embaixada do Perú abriu as portas. Confirmou que o García Marquez estava lá, do lado de fora, a chamar traidoras às dez mil pessoas que passaram para além daquelas grades. Ainda assim ficou surpreendida quando lhe disse que desde que tinha sabido desse facto nunca mais tinha lido, comprado, oferecido ou sugerido um único livro do García Márquez a ninguém. Mas porquê? Porque ser amigo do Fidel é fácil, viver como ele manda é que não. Ela acenou com a cabeça e sorriu ao de leve.

Não lhe deseja a morte. Diz apenas que gostava que ele tivesse vivido estes últimos 20 anos, entre os 60 e os 80, como vivem todos os velhos em Cuba. A andar de bicicleta porque não conseguem enfiar-se nos transportes. A passar fome.

Um ano depois de ter saído de Cuba regressou. Ia lá passar três meses e então decidir o que fazer. Se ficar lá, se regressar. «Não durou um mês. Viemos logo embora.»

Às conversas sobre a emigração, sobre a Europa, sobre o capitalismo, ela fugia sempre. «Não podia dizer-lhes que as crianças eram felizes, iam à escola pública, que havia um sistema de saúde pública, que podíamos dizer o que nos apetecia. Não posso dar-lhes esse desgosto, porque não tenho forma de os tirar de lá. Por isso prefiro que continuem a pensar que é verdade tudo o que lhes contaram.»

Ela veio para cá e eles, lá, continuaram sem perceber bem porquê. O amor, deve ser o amor...

Ela mudou-se para Cascais e todos os dias sai de casa sem medo, respira fundo e sonha com a ilha onde apenas o sol e o mar são, de facto, para todos.

13.10.05

A razão...

... de estarem aqui tantos posts com a data de hoje é devida ao facto de serem 9h15 da manhã e faltarem apenas 45 minutos para que o meu dia de trabalho acabe (embora o trabalho propriamente dito já tenha terminado há umas horas e esteja aqui nisto para não adormecer).

Socorro!!! O meu pai tinha razão!!!!

You Should Get a JD (Juris Doctor)
You're logical, driven, and ruthless.You'd make a mighty fine lawyer.
What Advanced Degree Should You Get?

Catanadas aqui também

Gostava de ser uma miúda-ovelha. A sério que gostava. Mas não consigo. E vai daí há coisas que me fazem desejar organizar uma espécie de guerrilha cultural urbana. Há uns anos até tivemos umas ideias. Uma malta que tinha a mania que era muito cool e muito à frente…

Pois tivemos. E até tentámos andar com umas para a frente, mas esbarrámos na falta de compadres/padrinhos/amigos/cús/mamas e o raio que parta que é preciso ter neste país para se fazer alguma coisa diferente, neste caso simplesmente conseguir uma reunião com um gajo para lhe apresentar um projecto.

Não conseguimos. E agora pelos vistos continuamos para aqui a bater com a cabeça nas paredes ou a esbarrar nos mesmos muros/cabeças duras/cús/mamas e o raio que o parta que nos impede de andar para a frente.

O Tiago é bom. Mas aconteceu-lhe isto.

O Hugo também é bom, mas parece que este é que é. Aliás, prémio jovem revelação neste país é coisa da qual me rio à brava. Isto parece tudo conversa de ressabiados mas não é (e desde já fica a ressalva que tenho todo o respeito pelo Gonçalo M. Tavares).
Pois que o Hugo tem menos de 30 anos e publicou no ano passado o primeiro livro. Pois que o Gonçalo é uns anos mais velho e já deve ir no 50º. Mas só agora é que o devem ter descoberto, tá certo.
Faz-me lembrar aqui há uns três anos quando também vi um gajo a ganhar um prémio revelação de imprensa que já trabalhava há mais tempo do que era permitido para a candidatura. E eu estúpida, feita parva, fui-me meter na categoria principal porque decidi cumprir as regras e concorrer com os mais difíceis em vez de concorrer com os fáceis.... Tss, tsss...

Isto de cumprir as regras, já se viu, não funciona.
Em vez de termos andado a telefonar para o cabrão da multinacional para lhe mostrarmos o projecto devíamos ter-nos munido de facas e bombas e abancar lá à porta. Ou isso ou descer qualquer coisa, subir outro algo, tombar para aqui, comer para acolá, ir a este casamento, frequentar aquele bar. Mas não. Há gente, como esta gente toda, que só tem trabalho para mostrar.

Vítor



Disse ele que quando fez isto pensou «ESTE É O MEU EUROPEU». Dois dias antes da final de Sevilha em 2003 tinha saído a lista de convocados para o Euro 2004. E o nome dele não estava lá.

Dois anos depois já não acredita que volte e continua sem perceber porque saíu.

Ontem o Pauleta ultrapassou o Eusébio e é agora o melhor marcador de todos os tempos da selecção nacional. Mérito e parabéns para ele.

O Ricardo continua a figurar em todas as listas de convocados, jogue ou não jogue, defenda ou não defenda.

É por estas e por outras que o Pantera Negra será sempre o maior, mesmo que a estatística assim não o diga, e o nosso guarda-redes será sempre o homem que «até a sofrer frangos era elegante».

11.10.05

No tempo em que eu queria ser gajo

Ora muito se fala agora dos blogues de gajas e de gajos, na escrita feminina, na visão feminina, blá, blá, blá, e no estrogénio versus testosterona e Vénus e Marte e o raio que parta as ratas (desculpem mas não consigo escrever vagina, nem cona, nem grelo) e as pilas.

Pus-me por isso a lembrar do tempo em que eu queria ser gajo. E isto durou algum tempo.

Eu quando fui para a escola queria ser gajo.
Eu não queria vestir vestidos.
Eu não gostava de brincar com as bonecas.
Eu tinha calças de bombazine e ténis sanjo.
Eu usava o cabelo curto.
Eu andava à porrada e nem sempre perdia.
Eu jogava à bola.
O meu pai não me levava ao futebol.
O meu pai não me levava à pesca.

Eu na escola, já um pouco mais tarde, ao pé das gajas, não podia ser grande gaja.
Eu não tinha mamas.
Eu não usava mini-saias porque os meus joelhos eram mais largos que as coxas.
Eu não andava de mão dada com nenhuma menina.
Eu não tinha uma única e inseparável melhor amiga.
Eu não possuía um diário.
Eu gostava de livros de detectives.
Eu explorava minas.

Eu na escola, mais tarde ainda, não podia ser muito do grupo das gajas.
Porque eu tinha muitos gajos.
Trocava frequentemente de namorado, sendo por isso odiada por muitas gajas, apelidada de certos e determinados nomes, enfim, digamos que não respeitava muito aquela regra dos 3 meses e tal, depois um período de reflexão e só depois um namorado novo. Era mais três semanas sem período de reflexão.
Só tive o período com 15 anos e por isso não podia participar das conversas no balneário, além de que era odiada porque ia sempre ao rio, sem preocupações.
Tinha muito boas notas. Principalmente a matemática e a física e química, o que não é de gaja.
O meu pai não queria deixar-me ir ao acampamento do fim do liceu porque eu não era gajo.
Mas fui. E andei sempre com os gajos nas bubas enquanto as outras gajas andavam a encornar os namorados com outros gajos. Mas sóbrias, bem bronzeadas e ar casto.


Por esta altura já tinha mamas e cú.
Cheguei à faculdade e tinha um bocado ar de gajo.
Falo alto.
Perguntam-me se a minha mãe me pôs bagaço no biberão.
Conto anedotas. Porcas também.

Mas as saias não me dão jeito.
É que preciso de galgar muros e isso.

Os filhos das minhas amigas dão-se melhor comigo do que as filhas das minhas amigas.
E vice-versa.

Tenho uma amiga que diz que eu escrevo como um homem sendo mulher e que ela gosta disso.

Tive um bebé. O que prova que sou gaja. Gostei de estar grávida, o que prova que gosto de ser gaja. Tive problemas por causa disso, o que prova que por vezes ainda gostava de ser gajo. Fui para o ginásio, o que prova que só posso ser gaja. Mas agora encontrei um grupo de gajas que joga à bola, o que prova que, sendo gaja, ainda se pode ser gajo neste mundo!

Mas há testes que dizem tudo...

You Belong in New York City

You're an energetic, ambitious woman.
And only NYC is fast enough for you.
Maybe you'll set yourself up with a killer career
Or simply take in all the city has to offer
What City Do You Belong in? Take This Quiz :-)

O cãozinho dispenso.... Bora lá Joaninha?

Aposto que fazíamos umas grandes compras, hã?

10.10.05

Ou então...

...se não der para emigrar para Espanha, sempre temos Amarante.

Por enquanto...

...uma expressão a reter da noite eleitoral: «MENTECAPTOS AGRÁGRIOS», Nuno Rogeiro dixit

O que lhe estorricou o cabelo deve ter passado para dentro.

7.10.05

Parabéns!


Ora sai uma magnolia (esta é rosa para combinar com o template...) de PARABÉNS!!!!!

6.10.05

Querem crítica? Tomem lá crítica!

Através aqui da Catarina, que através de outras pessoas, leu isto. E isto é a mais profunda e minuciosa crítica à obra literária de Margarida Rebelo Pinto. Mas quando cheguei ao fim achei que acima de tudo era uma crítica aos gajos que se armam em críticos, só porque vêem a fotografia da mulher na contracapa. Sei lá, não há coincidências, é o que eu acho.

A lista dos 30



- Dois pares de sapatos (uns azul turquesa outros castanhos)
- Uma pregadeira (agora não se diz broche) Ana Salazar
- Uma saia rodada
- Uma mala Segue...
- Disco da Feist
- Disco dos Streets
- Quatro sessões de talassoterapia
- Post it secretos
- Um molho afrodisíaco
- Sushi às duas e meia da manhã
- Viagem falhada a Londres, trocada por mais sushi e uma ida ao Freeport de Alcochete que, após uma tarde inteira de loja em loja redundou em:
* um cinto
* um casaco
* uma camisola
* três bodies para o Jaime
* e vinte e cinco picadas de melgas

- Unhas arranjadas e devidamente pintadas de vermelho sangue
- Tempo para escrever um post, ainda que seja assim tão tipo «teste americano» como este

3.10.05

Prontos, chegaram os debates

Ciclo Falar de Blogs

«Falar de blogues no feminino»

13 de Outubro, 19:00 horas
Livraria Almedina
Atrium Saldanha, Loja 71, 2.º Piso - Lisboa

Com:Carla Quevedo, autora do blogue Bomba Inteligente.
Isabel Matos Ferreira, autora do blogue Miss Pearls.
Isabel Ventura, mestranda em Estudos sobre as Mulheres.
Patrícia Antoniete, co-autora do blogue brasileiro Megeras Magérrimas

Sobre que assuntos falam as mulheres na blogosfera? Que motiva as autoras dos blogues? Que dados têm sobre quem as lê? Haverá especificidades da intervenção das mulheres na blogosfera?

Organização: José Carlos Abrantes e Almedina

Eu assim por norma não acho assim grande piada a esta coisa do feminino e do masculino e dos blogues de homens e de mulheres e da «visão feminina» e do diabo a quatro. Vou tentar ir porque, a ter em conta os blogues, creio que é bom ouvir três gajas inteligentes e com sentido de humor.

1.10.05

O poder dos 30

Vou deixar-me de merdas. Quais depressão quais quê, quais melancolia quais caraças. Isto dos 30 - e faltam agora apenas algumas horas - está a bater-me forte. Mas agora a força é outra.

Decidi que sim, vai ser bom ter 30 anos. E decidi que vou começar a decidir muito mais coisas. Decidi que já não tenho pachorra para aturar certas merdas. Sim, certas e determinadas merdas. E decidi que sou gira. E decidi que tenho uma boa massa cinzenta. E sei que já não há pachorra para a vida como ela era quando se andava na faculdade.

Não há pachorra para atrasos, não há pachorra para meios convites, não há pachorra para sítios sem estacionamento ou sem alternativas viáveis. Não há pachorra para gajos que só falam de bola e se babam em frente de pitas de 20 anos com cús bamboleantes e mamas arregaçadas até ao pescoço, a par de um único neurónio a funcionar debaixo das cabeleiras sempre penteadas.

Eu sou o target da Vogue. Ah, ah, pois é. Só me falta o salário. Mas lá chegaremos, lá chegaremos.

Por isso, meninos e meninas, beware, 'cause there's a new woman on the block!!!!! E como já perceberam está a ter um ataque de falta de modéstia. E para animar a coisa, vou deixar aqui uns exemplares de trintonas e quem preferir as Britney Speaars deste mundo a estas mulheres, não interessa para nada. (excepção feita à Scarlett Johanson, que apesar de ter 20 anos se veste e comporta como se tivesse 35)

Há a loura...

Há a ruiva...

E há a bomba!...



Ready, get set, go!