lista de compras: setembro 2006

27.9.06

Vou ali ver se há acção no coliseu e já venho...

19.9.06

«O peso não é o factor importante»

Tó Romano, director da Central Models, sobre a polémica das modelos demasiado magras, in Público

Claro que não, Tó! O que conta é a personalidade...

Mas não dá para a plasticina?

Numa semana em que só se fala de educação, vejo-me em busca de uma escola para o meu filho de dois anos e meio, que para o ano terá de encontrar novo sítio.

Sendo que nos dois últimos anos a escola pública da minha área de residência não conseguiu vaga para uma única criança de três anos, tenho de procurar um colégio privado. E é isso que ando a fazer.

Temos, portanto, várias hipóteses, algumas delas descartadas à partida:

- colégios Opus Dei
- colégios onde há chefes para tudo e mais alguma coisa
- colégios muito longe de casa apesar de apetecíveis
- colégios com más referências por parte de amigas que os experimentaram
- colégios onde se paga mais do que se tem

Sobram-me ainda alguns, mas a coisa não está fácil.

Para já, dizem-me em todos que não sabem se há vagas, só lá para Janeiro ou Fevereiro, mas nessa altura já as crianças têm de estar inscritas porque as listas de espera já vão longas. Mas muito longas? Não sabemos.

Podemos ver a escola? Ahhhh, agora não, só se for chamada. Então e qual é o projecto pedagógico? Bom, isso terá de falar com a directora, na reunião, se for chamada.

Noutra entramos. As crianças parecem felizes, o espaço é agradável. Deixa ficha de inscrição.

A outra telefonamos. As inscrições são em Janeiro. Os pais costumam dormir na rua porque entram por ordem de matrícula.

E preços? Bom, preços, meninos, agarrem na calculadora:

- inscrição €€€€€
- almoço €€€€
- serviço de refeitório €€€€
- lanche €€€€
- material didáctico €€€€
- prolongamento de uma hora €€€€
- prolongamento de uma hora e meia €€€€
- música €€€€
- natação €€€€

Contas feitas, nem nos hippies de Monsanto se faz a festa por menos de 450 euros. Mas o que mais me irrita é o item material didáctico. Com tanto dinheiro que se paga, não há um restinho que sobre do serviço de refeitório (aka usar pratos, copos, talheres e mesa e cadeira) para a porra da plasticina?

12.9.06

E para quando o filme?

A sério, há coisas que continuam a surpreender-me. Se no post abaixo questionava se haveria ainda muita gente a pensar que o 11 de Setembro foi obra de americanos, ora aqui fica a prova provadinha de que, olhem, nem sei o que é que isto prova. Fica a transcrição.

«Investigações independentes que têm vindo a ser desenvolvidas nos EUA e na Grã-Bretanha, sobretudo, dão conta que o Pentágono foi atingido por um míssil e não por um Boeing 757; que nenhum caça da U.S. Air Force decolou para tentar interceptar os aviões sequestrados; que as Torres Gémeas vieram abaixo por implosão (demolição controlada com explosivos pré-posicionados) e não devido a choques de aviões, tal como de resto o Edifício 7 que não foi atingido por nenhum avião; e que as contradições da versão oficial são tantas que não resistem a uma análise desapaixonada dos factos.

Silenciando estas investigações ou remetendo-as para as «teorias da conspiração», os média dominantes – e dominados – cumprem o seu papel. São a voz do dono. Não será por aí que se chegará à verdade. Pode não se acreditar em bruxas nem em conspirações, mas lá que elas existem, existem.»

Anabela Fino

Temos então aqui uma senhora que faz uma análise desapaixonada dos factos e que, vê-se bem, não obedece à voz dono.

Tenham misericórdia, sim?

11.9.06

Do lado de cá


Há cinco anos que andamos a falar do 11 de Setembro. Há cinco anos estávamos a esta hora de bocas abertas e coração apertado a ver o que iria acontecer a seguir. O que é que iam fazer a seguir.

Uns condenaram de imediato os terroristas islâmicos, outros muito tempo estiveram na dúvida se não seria um segundo Oklahoma, se não teriam sido americanos a chacinar aqueles milhares de pessoas. Se calhar alguns ainda hoje duvidam. Livros atrás de livros, teorias atrás de teorias. O papão americano versus o fundamentalismo islâmico, sempre menosprezado no seu canto do mundo.

Deve ter levado tempo a perceber que não foi só o Tio Sam a sofrer aquele atentado. Nova Iorque é a cidade mais misturada do mundo e naquele dia gente de todo o planeta morreu. Pretos e brancos, católicos, judeus, muçulmanos.

Depois daquele dia, o mundo ocidental chegou ao ponto de sacrificar certas liberdades em nome de mais segurança, fosse ela verdadeira ou fictícia, como se houvesse forma de nos protegerem de tudo.... Mas abdicou. Nem que fosse um bocadinho. Por um bocadinho os terroristas levaram a melhor: fizeram com que os defensores da democracia e da liberdade recuassem nos seus princípios. Sucumbissem à vontade daqueles que nada respeitam, que desprezam a própria vida humana em nome de um qualquer deus, contra um suposto diabo. Um diabo chamado liberdade. Essa que tanto lhes custa a engolir e contra a qual matam.

Para mim, não há desculpa. Pela minha parte, nunca terão direito a um segundo de compreensão, a um pestanejar, a um franzir de sobrancelha, a um suspiro, a um momento de dúvida, a um simples «mas». Para mim, não há perdão.

8.9.06

Eta barulhinho bom!




Bem leve leve
releve
quem pouse a pele
em cima de
madeira
beira beira
quem dera mera mera
cadeira
mas breve breve
revele
vele vele
quem pese
dos pés a caveira
Dali da beira uma palavra cai no chão
caixão
dessa maneira
Uma palavra de madeira em cada mão
Imbuia
Cerejeira
Bem leve leve
revele
quem pouse a pele
em cima de
madeira
beira beira
quem dera mera mera
cadeira
mas breve breve
revele
vele vele
quem pese
dos pés a caveira
Jacarandá, Peroba, Pinho, Jatobá
Cabreúva
Garapera
Uma palavra de madeira cai no chão
Caixão
dessa maneira

7.9.06

Ou seja (preconceitos II)

Há que melhorar. Se calhar o piquenique em Monsanto até seria divertido e de facto a poeira no Avante não causou mossa alguma.

Estas coisas que temos dentro da cabeça e que nos saem para fora de forma estapafúrdia só nos cortam a possibilidade de alargar horizontes. Sejam eles alargados até à outra margem do rio ou ao vizinho do lado que gosta de se munir da sua geleira e partir rumo à «aventura» no espaço verde que tem mais à mão.

Porque há quem seja feliz de férias no parque de campismo da Costa da Caparica, há quem se orgulhe do cão de loiça que tem em casa e quem esteja seguro de que há um sonho comunista que pode ser cumprido, para bem de todos.

Como também há quem seja gente por debaixo dos diamantes e do beijo único e do tratamento por você às criancinhas. Porque há quem de facto só consiga sobreviver à conta das aparências, mal sabendo nós o que irá por ali de miséria tapada de Prada emprestada.

Ouvir, ver, sentir e cheirar. Falar de tudo com todos, perceber que há vida para além de um círculo que se fecha cada vez mais à medida que vamos crescendo, estar de olhos bem abertos para as diversas realidades que a vida nos coloca à frente, ou ao lado, ou escondidas debaixo de uma roupa e de um cabelo que nos causam um sorriso de troça.

As pessoas e as vidas vão para além de todas as t-shirts, cortes de cabelo, decoração de interiores, carteiras e saldos bancários. Conhecê-las é o primeiro e mais importante passo para que também a nossa vida se encha mais um bocadinho. E esses preconceitos parvos que tantas vezes nos levam a determinadas atitudes apenas servem para que cresçamos um pouco menos, aprendamos um pouco menos, sejamos, no fundo, um pouco menos.

6.9.06

Ufa!

- Mãe, sabes quem é a Forivela?

- Errrrr... Acho que é uma menina, não é?

- Não, mãe, é uma música!

De fato de treino roxo na festa do Avante

Diz que eu também sou preconceituosa. Tenho ideias pré-concebidas, julgo à partida sem esperar pelo fim, e que sou ainda capaz de julgar os outros que, como eu, também são preconceituosos mas têm preconceitos diferentes dos meus. Ora pensando melhor sobre o assunto, decido assim sair do armário e assumir que sim, é verdade.

Tudo isto começou por causa da ideia de se fazer um encontro. Local: Monsanto. Levar: comida e bebida. Um piquenique, portanto. E eu, sentada no meu preconceito, apenas perguntei se também tínhamos de ir de fato de treino roxo... Felizmente o almoço foi mudado para um restaurante e eu já não tenho de fazer cara de gaja-enjoada-que-tem-a-mania. Provinciana com muito gosto, suburbana jamais! Ou seja, ir para a beira do rio com cinco ou seis ou vá, lá, dez pessoas, levar um lanchinho e depois dar uns bons mergulhos tudo bem, ir de geleira para o meio da cidade de Lisboa, com um rádio às costas grelhar entremeada é que nem pensar.

Outro dos meus preconceitos prende-se com o Partido Comunista Português e com essa coisa estranha que é defender a democracia acima de tudo, dizer mal muito mal do Fidel, da China comunista e de todos os regimes ditatoriais, sejam eles de esquerda ou de direita. Tempos houve em que a minha luta se resumia a recomendar a biografia do Reinaldo Arenas a todos quantos aos meus ouvidos gritavam e juravam a pés juntos que Cuba é outra coisa. Ou então a dizer cobras e lagartos do Gabriel Garcia Márques de quem não lerei uma linha mais.

Ora eis senão quando este fim de semana me vejo a caminho da Festa do Avante! O motivo era forte: o meu filho adora Sérgio Godinho e íamos lá ver o concerto. Era a minha primeira vez na dita festa e ia portar-me como uma senhora.

Chegados ao Seixal comecei logo a bufar para dentro. A merda do parque de estacionamento mais perto - diga-se mais de 500 metros - era pago. Porque os gratuitos eram longe comó cacete e isto de levar um puto de dois anos e meio ao colo pesa. Toca de me armar logo em capitalista e tumba, lá saquei dos quatro euros para assim deixar o carro o mais perto possível.

Ora lá chegados, a poeirada causou-me a segunda irritação da noite. Mas adiante, que passou depressinha. O camarada Jerónimo já tinha acabado o discurso, o que fez com que toda a gente decidisse ir jantar. Eu que pensei que lá poderia haver assim umas barracas com umas comidas mais leves, os vegetarianos, os biológicos, nada. Não vi nada, pelo menos naquele espaço onde me movimentei. Os stands diziam Castelo Branco, Santarém, Beja, e serviam comida a sério, desde feijoada a entrecosto. O problema eram as bichas, claro está e ficámo-nos por isso por um prego ranhoso.

De caminho parei numa barraquinha vazia e pedi uma coca-cola. Não sei se foi o meu olhar preconceituoso, mas aquele «não temos» soou-me um bocado mal. Paciência, seja então uma Superbock.

O Jaime adorou o concerto e o ambiente estava porreiro. No final fomos jantar. Sopa de feijão muito boa, arroz e carninha grelhada. Pavilhão de Castelo Branco. Lá tive de evitar fazer cara feia ao amigo que me ofereceu um cigarro com a inscrição na t-shirt Cuba há-de vencer, ou qualquer coisa do estilo que eu quase fechei os olhos para não ler aquilo.

Numa volta pela blogoesfera li que havia por lá um pavilhão das FARC. Não vi, mas não me admira.

Demorei uma hora a sair do Seixal e outra para passar a ponte.

Falharam-me, ao contrário da Rititi, os mojitos, as caipirinhas, os petiscos. Não comprei lenços palestinianos nem t-shirts com a cara do Che Guevara. Limitei-me a parar na barraquinha dos Tocárufar. Foi apenas dos bombos que se fez a minha festa.

PS: comprei um bilhete a um gajo por menos cinco euros, o que me deu um certo gozo... o capitalismo, meus caros, é isto mesmo...

5.9.06

O desastre de parir

Acabei de receber um mail com este título. Um mail que contém um texto que saiu no El País, escrito por Rosa Montero. Um texto que fala da maneira como se nasce em Espanha. Ou melhor, da maneira como se dá à luz em Espanha. E a maneira é igual à portuguesa.

Já aqui uma vez escrevi contra aquelas que chamei as Marias Aparecidas das Dores do Parto. Não mudei de opinião quanto ao básico, mas aprendi umas coisas entretanto. O básico, para mim, é poder escolher sem recriminar quem toma diferentes opções da nossa. E fazer uma escolha informada.

De tal forma me faz confusão quem diz que o parto é uma experiência orgásmica como quem o considera um acto puramente médico, controlado até à quinta casa em prol daqueles que agem, os médicos.

Eu tive um parto induzido. Uma episiotomia que sempre pensei ser necessária. Cheia de epidural, não dei um ai. Correu bem. Mas podia ter corrido mal. Quase fui para cesariana e hoje percebo que não me apanham noutra. Sucumbi aos argumentos do obstetra que jurava a pés juntos que assim é que tudo está controlado, assim é que não falha, assim é que não dói.

A dor é aqui importante. E é aqui que muitas vezes discordo das correntes naturalistas do parto, anti-epidural. Porque continuo a achar que se conseguimos tirar a dor, sem que daí advenham grandes contraindicações, então é bom fazê-lo. Ninguém arranca dentes sem anestesia só porque a avó assim o fez e está viva para contar. Sou pró-epidural, embora não critique quem a recusa, obviamente.

Diz-me a minha amiga João - que passou de «adoradora» dos anestesistas a «militante» do parto natural - que há outras formas de contornar essa dor. Conta-me ela nas dezenas de artigos que tem feito que há países onde as banheiras de dilatação estão por todo o lado, que há aromaterapia, acunpunctura e outras formas de retirar ou amenizar a dor. Tudo bem. Mas ainda bem que há epidural, remato sempre eu.

Para mim a questão está no antes da anestesia. Por que raio nos colocam deitadas - e ainda por cima sempre para o mesmo lado - sem que aproveitemos essa coisa fenomenal que é a lei da gravidade para que a dilatação se faça melhor? Por que razão temos de parir naquela posição maldita, que não dá jeito para nada a não ser para fazer as ditas criancinhas e não para deitá-las cá para fora. Por que maldita ideia é que em alguns sítios ainda rapam os pelos púbicos e mandam fazer clisteres?

A resposta é simples: porque dá jeito ao senhor doutor. Tal como deu jeito ao meu médico que o Jaime nascesse numa quarta-feira, mesmo que isso implicasse eu fazer uma cesariana, visto que os riscos numa indução aumentam de forma louca.

A episiotomia então apanhou-me completamente desprevenida. Nunca me havia passado pela cabeça que era um acto muitas vezes desnecessário, mas pior, que era um acto que podia levar a lacerações maiores. Bastava, de facto, ter pensado nas leis da física: cortando um bocadinho é mais fácil que rasgue... Tudo isto nos causa estupefacção quando vemos os dados de outros países, onde as taxas de epiosiotomia são muito mais baixas e nem por isso as taxas de lacerações são maiores. Mas por que raio é que ninguém me explicou isto antes? Por que razão é que eu não tive uma palavra a dizer? Porque o senhor doutor é que sabe, ora lá está.

Ainda não estou no patamar da João, siderada com os partos em casa, com as mulheres a parir a a fazer festas na cabeça do bebé. Mas já estou noutro diferente daquele onde comecei.

Porque obtive informação, porque comecei a pensar noutras soluções. Soluções que o meu país ainda não oferece, mas se calhar porque as mulheres não pedem. Porque no dia em que começarem a exigir melhores condições de nascimento em vez de perguntarem se os quartos têm televisão, talvez os hospitais - pelo menos os privados - se decidam a oferecer mais.

Bem....

Tentativa de novo template pela enésima vez. Não sei ainda se gosto desta coisa, é dar-lhe um tempo para experimentar.