lista de compras: novembro 2005

30.11.05

E o mundo pula e avança....

...mesmo que se esteja com uma desgraçada de uma amigdalite.

Prometemos ser breves, assim nos ajudem os antibióticos.


Ass: A Gerência.

24.11.05

Estou ansiosa pela mensagem de Natal...

"A Igreja não pode admitir no Seminário e nas Ordens sacras aqueles que pratiquem a homossexualidade, apresentem tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiem a chamada cultura gay."

23.11.05

Sempre que parece que o mundo gira ao contrário....

SAIBA
Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem
Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu
Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar
Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano
Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé
Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você
Arnaldo Antunes

22.11.05

Mensagem de Natal do candidato


Cavaco Silva vai dirigir-se a todos os portugueses este Natal - porque como é quase PR assim o deve fazer. Mas como também gosta muito do respeitinho pelos poderes presidenciais e pela Constituição e, não é demais dizê-lo, pretende de facto respeitá-los (e isto ao que parece é MESMO uma promessa eleitoral), vai apenas lançar um novo cartaz para substituir aquele que não se percebe bem para que é, se para apoiar a selecção nacional, ou quê.

Por isso, neste Natal, Cavaco deseja boas festas e passa a mensagem:

SE NÃO FALAR, SE NÃO ME MOSTRAR E SE NÃO ME OUVIREM, TENHO A CERTEZA DE QUE CONTINUARÃO A PENSAR VOTAR EM MIM.

(Boas festas, que eu vou ali só tirar a fruta cristalizada da cova do dente....)

Tchan, tcha-ra-ran!!!!!!!!!

Em breve, uma fotografia da PRIMEIRA ÁRVORE DE NATAL cá da família!!!!!!

Ou em terminologia Jaime, PAI! (já que ainda não sabe dizer natal)

21.11.05

Odeio Paris!

Sempre me vai irritando quem apela ao uso puro e duro da violência contra o que se passa nos subúrbios de Paris. Também me enerva solenemente quem lhes tudo desculpa por viverem em más condições.

Ou seja, a direita que tudo quer reprimir sem olhar a causas e a esquerda de acha que de caridade de arranha céus, guetos e subsídios se faz a integração - que por si só é uma palavra bolorenta.

Tenho uma amiga que nasceu em Paris. Filha de emigrantes portugueses, portanto o que se chama de segunda geração. O que desde logo faz começar mal a coisa. «Emigrante de segunda geração.» É bonito, digamos.

Conheci-a na faculdade, em Lisboa, quando ela decidiu vir estudar para Portugal. Escandalizados ou apenas muuuuito curiosos com esta decisão, era constante o perguntar: Mas tu és doida? Mas preferes viver em Lisboa que em Paris? Paris!!! Quem me dera a mim!!!

Até que se fartou de dizer apenas que odiava Paris. Era assim: Odeio Paris! E passou a explicar:

Quando um dia entregou os papéis de matrícula para uma escola qualquer, não me lembro qual, e no qual constavam a profissão dos pais, além, claro, da nacionalidade de ambos, um dos responsáveis dirigiu-se a ela perguntando-lhe por que razão havia mentido.

- Mentir? Eu?, retorquiu pasmada.
- Sim, a menina. Não precisa de envergonhar-se da profissão dos seus pais.
- Desculpe?
- Sim, porque é que mentiu na profissão dos seus pais?
- Mas eu não menti!
- Deixe-se de coisas. Toda a gente sabe em que trabalham os portugueses e não é nem na Citroen como desenhador nem na Ralph Lauren, como diz aqui sobre a sua mãe, que deve ser porteira e não há mal nenhum nisso....

E ela convenceu-nos da razão por que odiava Paris.

Esta semana, no Courier Internacional, um artigo do Guardian referia a história de um artista de ascendência argelina que enviou um mesmo curriculum para uma estação de televisão. A única coisa que mudava era o nome. Guess what? O «francês» foi chamado a uma entrevista, o «argelino» nem um telefonema ou uma carta recebeu a rejeitá-lo.

Li por aí algures que o problema da França é que quer fazer integrações a todo o custo. Que é um país onde ou se é francês ou não se vale uma baguete ressequida. Não interessa o que está no bilhete de identidade, não interessa se se nasceu por lá. O que importa é se o nome não soa a estranho, se és laico e republicano, se não usas véus, se és, no fundo, um puro francês.

Nos bairros onde começaram os problemas e onde os nomes não deixam margem para duvidar da ascendência a taxa de desemprego por entre os menores de 30 anos ronda os 40 por cento. Muitos deles não terão sequer oportunidade de acederem a uma entrevista.

E isto, desculpem lá as mentes que acham que tudo se trata com polícia e bastonada, não é a mesma coisa que pagar muito pelos pensos higiénicos ou ficar dois anos sem ter aumentos. Isto é ser discriminado por algo que não se pode controlar ou contornar. Ser discriminado pela sua própria essência.

E quem não compreende que isto é um problema que merece atenção e precisa de ser resolvido tem um nome. Quem não percebe que as leis também existem para serem alteradas tem um nome. E que a sociedade pode e deve ser mudada também tem nome. É a gente que, se dependessemos dos seus pensamentos, nos faria ainda estar no tempo da velha senhora. Porque as leis e as regras e o status quo e a admissão cega de que a vida será sempre melhor para uns que para outros e paciência, não há nada a fazer, que se lixem esses gajos, se não fossem eles era eu, são características próprias de quem só olha para o umbigo. E um dia, caem-lhes em cima aqueles que de repente também só olham para o umbigo deles. E o umbigo deles cheira muito mal, e tem frio, e vive em casas nojentas e não tem emprego.
A vida é fodida, não é? Pois é. Olhem agora os gajos dos BêEmes e dos Jaguares e que tais, com o carrinho a arder....

(a estupidez dos extremos é que se alimentam uns aos outros com os mesmos argumentos)

18.11.05

SOCORRO!!!!! ANDO A SER PERSEGUIDA!!!

Já não basta estar a toda a hora na televisão - de manhã à noite em programas onde é apresentador, noutros comentador, ou então a fazer publicidade - a toda a hora na rádio - mais uma vez a publicidade -, na rua em outdoors, agora a CRIATURA também está num dos discos que o Jaime mais ouve.

Será possível que eu tenha encontrado o Jorge Gabriel numa música do Avô Cantigas?

17.11.05

Na escola

«As crianças amariam as escolas se as escolas as ajudassem a entender as perguntas que elas fazem. Um amigo, grande educador de Portugal, me contou que certa vez pediu às crianças que escrevessem em folhas de papel as perguntas que gostariam de ver respondidas. As crianças, sem exceção, fizeram perguntas que tinham a ver com coisas simples da vida. Era a vida que as fascinava. Perguntas do tipo: “Por que a água fervendo endurece o ovo e amolece a cenoura?” “Por que os dedos ficam enrugados quando ficam muito tempo dentro da água?” “Por que as bolas de sabão têm a forma de bolas de sabão?” Aí ele pediu que os professores fizessem o mesmo. E todos eles fizeram perguntas do programa das disciplinas que ensinavam. Eles já não tinham nem olhos e nem cabeças para a vida.»
Rubem Alves

Em mais um post politicamente correcto.

16.11.05

Olhe, olhe ali a girafa, querido!

Detesto betices e tiices e ices que tais. Irrita-me o snobismo bacoco. Detesto ficar pendurada com um só beijo, enerva-me que digam sófá e ármário e piqueno e tá a ver.

E ainda me enerva mais quando quase me sinto um extraterrestre por não tratar o meu filho por você.

Foi o que aconteceu há dois fins-de-semana, quando, numa linda manhã de sábado, decidimos levar o Jaime ao Jardim Zoológico.

Antes de mais percebi que o Jardim Zoológico é habitat de famílias mais-que-bem (algumas mesmo acompanhadas pelas respectivas empregadas que destoavam pela cor da pele e da indumentária - vá lá não tiveram de vestir o uniforme, se calhar o sábado é casual lá em casa) ou armadas-ao-bem. O que também não admira, visto que o bilhete de adulto custa 11, 5 euros.

Andávamos nós por entre girafas, leões, animais da quinta (agora aquilo tem uma quinta), espectáculos de golfinhos e aquele som estranho sempre a entrar-me pelos ouvidos.

- Ó Teresinha venha cá!
- Lourenço, querido, já viu aqui este tigre?
- Ó Maria, deixe o menino. Não vê que ele é pequenino? Venha, venha com a mãe.

No meio deste palavreado todo, juro, mas juro, que o meu

- Jaime TENS de pôr o chapéu
- Jaiminho, já VISTE aquele tigre, uau!
- Jeca, bue da fixe, OLHA lá estas tartarugas!!!


me começava a soar a qualquer coisa do género

- ó meu cabrão, chega-te cá para veres estes bichos!
- raça do catraio, põe já o chapéu ou levas duas bofatadas!

Posto isto, alguém me explica de onde vem todo este vocêsismo irritante?
E não dá para acabar com esta merda?

15.11.05

Os perfeitos

A primeira vez que ouvi falar do António foi numa reportagem da TVI que conseguiu mostrar ao país que se vendiam crianças em pleno Campo Grande e, pior, que tal não constituía crime nesta coisa chamada Portugal. Nessa altura, a SIC, num momento de muito baixo nível, apressou-se a lançar o rumor de que a reportagem era um embuste. Mas não era. O António foi entregue a uma instituição, não foi vendido a ninguém.

Ao fim de uns dias respirou-se de alívio, depois de toda a indignação. Os políticos prometeram mudar a lei, o António estava a salvo e mais, logo se arranjou uma família que o quis adoptar. Afinal o António era um bebé, caucasiano, sem problemas de saúde. É fácil quando é assim.

Novamente o alívio e o pensamento de que por vezes esta profissão de jornalista ainda serve para alguma coisa. Ainda serve algumas causas.

Há pouco tempo o António voltou a ser notícia. Tinha sido retirado da família com quem vivia há oito meses e no seio da qual era, segundo os relatórios, um bebé feliz, integrado, vinculado àqueles pais.

Só que os pais separaram-se. E após terem comunicado o facto à Segurança Social, um juiz decretou (não há melhor palavra que esta, de facto, DECRETOU) que a criança deveria retornar à instituição por não estarem reunidas as condições para a adopção. Porque ele tinha de ter o pai e a mãe juntos, na mesma casa, porque de facto não há crianças filhas de pais separados que sejam felizes no mundo...

Tirando a revolta toda que isto causa fica-me na cabeça apenas uma pergunta, que perante esta e outras situações, gostaria de ver respondida:

- Por que razão é que a uma criança institucionalizada não pode dar-se menos do que a perfeição?

Por esta, o arquitecto não estava à espera...


Para os arautos da desgraça, para aqueles que estão sempre a falar da crise na comunicação social, para quem acha que a salvação vem de Espanha, ora aqui está o mais recente lançamento no panorama mediático português.

Não fosse o arquitecto Saraiva ter-se lembrado dos sacos de plástico para o Expresso, diria mesmo que esta era a notícia mais importante do panorama mediático (adoro esta expressão como podem registar, tanto quanto adoro o arquitecto Saraiva) depois do 25 A.

Pois fiquem-se com.........

A PATADA
O jornal de maior atiragem diária

11.11.05

Não sei bem a razão...


.... mas estão sempre a dizer que são muito parecidos

10.11.05

Cidade

A mulher famosa desce a rua a olhar para a câmara. À sua frente cinco outras pessoas andam de marcha atrás com blocos, cabides, casacos, maletas com blushes e riméis. Ela, a mulher famosa, veste de preto, decote generoso, ainda que chova, a pele sem uma borbulha e o andar firme e sensual apesar dos saltos agulha que insistem em meter-se nas pedras da calçada de Lisboa.
Os carros abrandam para o sinal vermelho e olham para ela, que distribui beijos e sorri um sorriso branco.

No passeio da rua sem carros um rapaz faz de estátua com vestes de pastor. Grupos de rapazes e raparigas com cachecóis da equipa «Cristo Vivo» tentam distribuir panfletos que vendem fés. Há quem pare, outros abanam a cabeça e entram na loja da roupa que os pode fazer parecer com a mulher famosa que já desapareceu embrulhada num casaco de fato de treino.

Cristo vivo, diz o cachecol de cores garridas.

Mais uns metros em direcção ao rio, as castanhas esfumaçam a visão e quase tornam melodiosas as notas que lhe saem do acordeão. Há um cão muito pequeno à sua frente. Ele está sentado num banco, não parece ter frio nem cara de fome. Vai tocando à espera de uma moeda. À espera de uma mulher de sorriso branco, ou apenas à espera de um cachecol.

Cristo não vive aqui.

9.11.05

Os afectos

Duas raparigas decidiram assumir a sua relação homossexual numa escola em Gaia. Foram proibidas de se beijarem e o director argumentou que os beijos e as manifestações de afecto são proibidas na escola, independentemente da orientação sexual.

Ora digamos que o argumento é esfarrapado. E se não é, pior ainda. Que raio de escola é que proíbe «manifestações de afecto e beijos»? Que raio de gente é suposto sair de uma escola sem ter tido um namorado, sem ter dado uns linguados, ou uns amassos ou simplesmente ostentar o seu amor passeando de mão dada no recreio?

Queremos ser como uma escola dos Estados Unidos que um dia expulsou um rapaz de seis anos porque ele beijou uma menina na cara e ela não queria? Queremos que os nossos filhos cresçam sem os afectos? Queremos que os nossos filhos não tenham experiências amorosas na adolescência? Queremos que os beijos sejam proibidos? Queremos que não haja tolerância? Queremos reprimir o amor adolescente, na sua intensidade, na sua descoberta, nos seus desgostos, em tudo aquilo que nos faz crescer e aprender?

Então que raio de miúdos vão ser aqueles, sem nunca terem para contar que foram curtir para trás do pavilhão, que aquele rapaz ou rapariga nunca lhe ligou, que na festa da escola até dançaram um slow e ele encostou a cara à dela, que a melhor amiga afinal é que ficou com o rapaz mais giro da escola, que escreveram na carteira joão loves catarina na esperança de ela se reconhecer naquela mensagem de amor?

Neste caso, um qualquer «ana loves inês» deveria ser apenas o upgrade de uma sociedade que preza a igualdade e a liberdade.

Mas parece que não.

8.11.05

Agora repete comigo....

...há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar. há pessoas que não sabem dialogar...

...e portanto há alturas em que é melhor estar calada...

... ou então incendiar qualquer coisa que pertença ao próprio.


(isto nada tem a ver com o post anterior, por estranho que pareça)

O Ódio

Há dez anos, era noite escura e saía eu do cinema Nimas, ali na 5 de Outubro. Um nó na garganta e apenas uma palavra me saiu da boca enquanto caminhava pelas ruas sem gente: foda-se!

O medo fazia com que as minhas batidas cardíacas aumentassem. A última cena do filme. Aquela pistola apontada a uma cabeça. O tiro.

Um filme a preto e branco do francês Mathieu Kassovitz, que anos mais tarde encarnou o romântico fotógrafo na Paris limpa de Amélie Poulain, contou-me a história de Said, Vinz e Hubert, três jovens franceses filhos de emigrantes que viviam na periferia de Paris. Nos escuros e monocromáticos subúrbios de prédios velhos e feios, de ruas com lixo, de gente com sonhos sem futuro.

O filme foi legendado em França, tal era difícil perceber que língua falavam aqueles três amigos, aqueles três rapazes que Kassovitz chamou para lhes apontar uma câmara e mostrar ao mundo a realidade nua e crua.

La Haine. O Ódio. Um filme que explica tudo. Um filme que não serve para perdoar ninguém. Nem os repressores, nem os reprimidos, nem os opressores nem os oprimidos, nem os revoltados, muito menos quem pensa que a violência é o caminho. Venha ela fardada, de fato de treino ou envolta num véu.

5.11.05

MTV Europe Music Awards, o rescaldo




Notas fúteis de uma mãe em casa sem acreditação, bilhete ou convite para a maior festa do ano em Portugal.


Deixei as chaves dentro de casa e acabei a ver a Madonna a sair de dentro da discoball num café, sem som. Mas mesmo que não a ouvisse cantar - e a música que é boa - a gaja estava um espanto. Aliás, como quase sempre. Digo quase porque depois quando veio apresentar o prémio do Bob Geldof parecia uma mãe gorda, embora tivesse dito asneiras comó caraças. E fica bem, a gaja a dizer asneiras.

Robbie Williams.
Custa a crer que o gajo foi dos Take That. Bom, muito bom. Adorei o mergulho e a entrevista no backstage foi genial. Diz que gostou de ser apalpado. Está mais gordo mas fica-lhe bem na mesma.

Assim que puder vou à Fnac comprar o último dos Black Eyed Peas. Magnífica actuação. E a gaja nem tem pudor em esconder a banhita/ pneu. E aquela cara de má é do cacete.

O Chris Martin é um amor. Até de cuecas brancas.

Aquelas criaturas de que não me lembro o nome que foram lá abanar o rabo eram o quê? Que merda vem a ser aquela?

A Shakira conseguiu piorar o corte de cabelo, a música não tem já sequer explicação, o cú está astronómico e pergunto: porquê mostrar o soutien? Enfim...

Os Green Day estão assim tão bons? Não estão iguais ao que eram quando começaram?

A Madonna foi um espanto, já tinha dito?

A Sónia Tavares provou porque não podia actuar na festa. O problema nem é a música. Aquela coisa que ela trazia vestida faria milhões mudar de canal. Mas que raio lhe passou pela cabeça?

Os Gorillaz fazem bem em aparecer sempre em hologramas. A música é fa-bu-lo-sa. Eles são horrorosos. Ainda bem que não existem.

O Nuno Gomes estava giro, pá. O Figo, pronto, já se sabe, é aquele feio-giro. Dizia o 24 Horas que rapou os pelos do peito. Se assim é acho que fez mal. Fica-lhe bem o pêlo.

A Nelly Furtado continua irritante. E mal vestida.

E quase no fim, prontoS, (suspiro, suspiro), um dos gajos mais giros do planeta: Gael García Bernal. Ai, chico, por Dios, que guapo!

E pronto, acho que só me falta dizer que a Madonna foi um espanto.

3.11.05

Cópi-peiste descarado, ou, eu é que já não consigo escrever mais uma palavra sobre o assunto

«UM BOCADINHO DE VERGONHA, OK?

O debate sobre o aborto e o referendo já se tornou uma das coisas mais enjoativas da política portuguesa.

mas esta de ver a direita católica toda aos urros de alegria pela decisão do primeiro-ministro de manter o referendo e não optar pela alteração no parlamento é de vómito.

estes srs e sras nunca quiseram o referendo, fizeram o que puderam para que não tenha lugar e nada secretamente sonham com a possibilidade do seu eterno adiamento - mas de cada vez que alguém defende que se resolva a coisa na ar, lá vem a conversa de ouvir o povo, o tal povo que eles não querem voltar a ouvir sobre o assunto desde 1998, quando menos de 40% dos eleitores apareceram a dizer de sua justiça sobre o assunto e o NÃO ganhou marginalmente e - lembro-me eu muito bem, para o caso de eles já terem esquecido - a direita católica, de marcelo a portas, convencida de que o SIM ia ganhar, como todas as sondagens prediziam, bradava sobre o fecho das urnas que perante tão baixa afluência o referendo não era vinculativo.

todos sabemos o que sucedeu depois: o argumento legalista e constitucionalista esfumou-se perante o resultado efectivo, e a lei votada na ar foi para as urtigas (mais de 7 anos depois, é um argumento constitucionalista e legalista que impossibilita o referendo que o ps prometera fazer 'assim que possível'. que pena que em 1998 ninguém se tenha lembrado de perguntar ao tribunal constitucional se, perante um referendo não vinculativo, não era a lei da ar que valia).

a partir daí, de cada vez que se fala em referendo, as mesmas sras e srs lembram-se como por milagre de já existe uma lei que permite o aborto em certas circunstâncias (mesmo se durante a campanha do referendo se encarniçavam em fazer crer que a escolha era entre preservar a 'vida intrauterina' ou destruí-la, sem lugar para meios termos) e que 'a solução' é fazê-la cumprir.

chegámos mesmo ao ponto de ler ontem [edição de segunda-feira], no público, uma jornalista da rádio renascença a certificar que a lei que temos permite o aborto por razões económicas (sempre gostava de saber que edição do código penal se usa lá em casa) e outras 'justificações' que ela entende legítimas e que o que se deseja com uma nova lei é poder abortar por 'razões fúteis' como, por exemplo, querer ir passar férias à neve (passe a demagogia, diz ela -- e a demagogia passa).

(sempre me fascinou que os mesmos que elevam a maternidade a alturas de heroicidade e santidade demonstrem sempre ter das mulheres não mães uma tão rasa ideia, vendo-as como umas azougadas absolutamente incapazes de decidir por elas próprias sobre um dos assuntos mais importantes das suas vidas. e, melhor ainda, que considerem que a melhor solução para uma mulher que quer abortar por lhe apetecer fazer ski é, para ela e para o filho que não quer ter, obrigá-la a levar a gravidez avante -- que delícia de bondade, que prodígio de lógica!)

a mesma jornalista que escreve que 'ninguém no seu perfeito juízo' pode considerar o direito de uma mulher a decidir se quer ou não ter um filho 'um direito humano'.

esta cara sra, de quem até me dizem que é boa pessoa, deve andar um pouco distraída. das suas leituras dos últimos 20 anos não constam certamente os textos e tratados da onu sobre direitos sexuais e reprodutivos certificados como direitos humanos, nomeadamente o direito das mulheres a decidir da oportunidade de ter filhos.

esta cara sra, de quem me garantem que é um amor de pessoa, muito respeitadora das opiniões alheias, acaba a chamar pró-aborto aos que defendem essa coisa básica da dignidade humana: que ter filhos seja um acto de vontade, amor e esperança, e não uma fatalidade e um castigo (divino ou não, conforme as cosmogonias).

minha cara senhora: que queira ter os filhos todos que deus lhe enviar, sem excepção, é lá consigo. e se alguma das suas relações costuma abortar para ir à neve é lá com ela -- e consigo, se a quiser denunciar à polícia.

que considere que faz sentido defender uma lei que permite abortar às 24 semanas, no limite da viabilidade, um ser humano deficiente, desde que por decisão médica (caso da lei que temos e que já deu origem a um mui instrutivo parecer do conselho nacional de ética para as ciências da vida sobre o que fazer se o produto da interrupção nascer vivo), mas ache um pavor que uma mulher possa decidir interromper uma gravidez de dez semanas (e portanto meia dúzia de células) por sua decisão autónoma e sem dar 'justificações' a ninguém, já é um bocado mais difícil de perceber -- mas ainda é consigo. que queira escrever e opinar sobre assuntos sobre os quais está manifestamente mal informada, é ainda consigo -- mesmo se lhe fica mal. que queira ser demagógica e caricatural, também é consigo -- mesmo se a define.

mas faça o favor de não recorrer ao insulto. é que nem toda a gente é tão boazinha e católica como a sra e pode haver quem leve a mal.

posted by f.»

Basicamente, era isto que eu também queria dizer. Com um acrescento apenas: eu conheço a senhora, que é, de facto, uma boa senhora.

2.11.05

Ora então...


... Muitos parabéns por dois anos a virar frangos.