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16.11.05

Olhe, olhe ali a girafa, querido!

Detesto betices e tiices e ices que tais. Irrita-me o snobismo bacoco. Detesto ficar pendurada com um só beijo, enerva-me que digam sófá e ármário e piqueno e tá a ver.

E ainda me enerva mais quando quase me sinto um extraterrestre por não tratar o meu filho por você.

Foi o que aconteceu há dois fins-de-semana, quando, numa linda manhã de sábado, decidimos levar o Jaime ao Jardim Zoológico.

Antes de mais percebi que o Jardim Zoológico é habitat de famílias mais-que-bem (algumas mesmo acompanhadas pelas respectivas empregadas que destoavam pela cor da pele e da indumentária - vá lá não tiveram de vestir o uniforme, se calhar o sábado é casual lá em casa) ou armadas-ao-bem. O que também não admira, visto que o bilhete de adulto custa 11, 5 euros.

Andávamos nós por entre girafas, leões, animais da quinta (agora aquilo tem uma quinta), espectáculos de golfinhos e aquele som estranho sempre a entrar-me pelos ouvidos.

- Ó Teresinha venha cá!
- Lourenço, querido, já viu aqui este tigre?
- Ó Maria, deixe o menino. Não vê que ele é pequenino? Venha, venha com a mãe.

No meio deste palavreado todo, juro, mas juro, que o meu

- Jaime TENS de pôr o chapéu
- Jaiminho, já VISTE aquele tigre, uau!
- Jeca, bue da fixe, OLHA lá estas tartarugas!!!


me começava a soar a qualquer coisa do género

- ó meu cabrão, chega-te cá para veres estes bichos!
- raça do catraio, põe já o chapéu ou levas duas bofatadas!

Posto isto, alguém me explica de onde vem todo este vocêsismo irritante?
E não dá para acabar com esta merda?