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6.11.06

Tanto (a)mar!

Chegámos em cima da hora e eu encharcada da cabeça aos pés. Ao passar entre as cadeiras da plateia ouvi uma senhora que comentava, com algum espanto: «Há muitos jovens aqui...»

Diz que Chico é coisa de velho, de quarentão saudosista. Que o homem lá por ter 62 e cantar há 40 já só arrebata corações de cabelos brancos. Que aqueles olhos azuis já não encantam mocinha. Que aquela voz tão doce e ainda tão límpida não diz palavras do hoje.

Que grande mentira, digo eu. Eu que pela primeira vez o vi ao vivo e com algum receio de ele ser tipo CD, ali parado agarrado ao violão. Mas ele falou e dançou e riu. Escorregou numa letra mas logo sambou por cima dela.

A mim agarrou-me desde a primeira música.

Por isso a todos os que acham que isto é coisa de gente velha, aqui fica a letrinha do sessentão que está longe de se portar como um vovozinho. Mil perdões, gente...

Te perdoo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdoo
Por pedires perdão
Por me amares de mais

Te perdoo
Te perdoo por ligares
Pra todos os lugares de onde eu vim
Te perdoo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim

Te perdoo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdoo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir

Te perdoo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras, por aí
Te perdoo
Te perdoo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdoo por te trair