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7.9.06

Ou seja (preconceitos II)

Há que melhorar. Se calhar o piquenique em Monsanto até seria divertido e de facto a poeira no Avante não causou mossa alguma.

Estas coisas que temos dentro da cabeça e que nos saem para fora de forma estapafúrdia só nos cortam a possibilidade de alargar horizontes. Sejam eles alargados até à outra margem do rio ou ao vizinho do lado que gosta de se munir da sua geleira e partir rumo à «aventura» no espaço verde que tem mais à mão.

Porque há quem seja feliz de férias no parque de campismo da Costa da Caparica, há quem se orgulhe do cão de loiça que tem em casa e quem esteja seguro de que há um sonho comunista que pode ser cumprido, para bem de todos.

Como também há quem seja gente por debaixo dos diamantes e do beijo único e do tratamento por você às criancinhas. Porque há quem de facto só consiga sobreviver à conta das aparências, mal sabendo nós o que irá por ali de miséria tapada de Prada emprestada.

Ouvir, ver, sentir e cheirar. Falar de tudo com todos, perceber que há vida para além de um círculo que se fecha cada vez mais à medida que vamos crescendo, estar de olhos bem abertos para as diversas realidades que a vida nos coloca à frente, ou ao lado, ou escondidas debaixo de uma roupa e de um cabelo que nos causam um sorriso de troça.

As pessoas e as vidas vão para além de todas as t-shirts, cortes de cabelo, decoração de interiores, carteiras e saldos bancários. Conhecê-las é o primeiro e mais importante passo para que também a nossa vida se encha mais um bocadinho. E esses preconceitos parvos que tantas vezes nos levam a determinadas atitudes apenas servem para que cresçamos um pouco menos, aprendamos um pouco menos, sejamos, no fundo, um pouco menos.