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24.10.09

Aqui em casa há uma lareira acesa que a esta hora já não tem chama mas ainda dá calor. Um calor estranho, este, que traz à memória tantos momentos passados, agora que o Natal se aproxima e as recordações nos aquecem e nos deixam tão longe de tantas coisas que sempre demos por certas e por boas e que aconchegam o coração. Tantas coisas se passaram aqui nesta divisão da casa onde agora fumo cigarros atrás de cigarros sabendo que não o posso fazer. Como tantas outras coisas que fiz sabendo que não devia. Mas que me mantiveram viva, que me levaram para outros caminhos, tão assustadores quanto cheios de desejos e emoções e peles eriçadas e medo. Muito medo. Sei bem que de cada vez que olhar para esta lareira a chama me vai dizer que era tão bom o que havia debaixo das cinzas, que era tão sereno e reconfortantemente familiar o que me fazia correr atrás dos dias sem sobressaltos. E a minha avó sempre me avisou para eu não brincar com o lume. O que ela não percebeu é que eu nunca consegui resistir à cor intensa das brasas. Ainda que me queimasse.