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9.3.06

Dia da Mulher - a sequela

Há um ano eram estas as minhas premissas.

Continuam todas a valer...

O dia da Mulher deve existir enquanto se verificarem uma série destas coisas:

No mundo Ocidental:

1. Numa entrevista de trabalho, surja a pergunta: pensa engravidar?
2. Se engravidar e estiver com contrato a termo ser ameaçada de despedimento (este caso não se aplica se o seu problema for partir as duas pernas e ficar cinco meses de baixa em casa. Porque ninguém parte as pernas porque quer)
3. No ano em que engravidou não ser aumentada e o gajo que partiu as duas pernas ter aumento (que pode ainda ser alargado se as pernas tiverem sido partidas num jogo de futebol de 5 com os colegas de trabalho)
4. Ser mais fácil e mais aceitável pedir para sair mais cedo para pôr o carro na revisão do que para ir buscar o filho à creche
5. Entre um homem e uma mulher que se candidatam ao mesmo trabalho, perante iguais condições (ou mesmo em alguns casos a mulher mais qualificada), o homem for sempre escolhido por não se correr o risco de acontecer tudo o que está descrito nos pontos anteriores
6. Ser-se vítima de violência doméstica e toda a gente achar que ninguém tem nada a ver com isso

No mundo não-Ocidental (chamemos-lhe assim):

1. Houver excisão
2. Houver apedrejamentos por adultério
3. Queimaduras com ácido ou mesmo morte por ter sido violada
4. Não poder estudar
5. Ter de andar tapada
6. Não poder votar
7. Não poder nascer por ser mulher ou ser morta à nascença por isso

Sempre me irrita aquele comentário «Não sou feminista, sou feminina» que gajas todas esticadas costumam tecer por estes dias nas Caras e Luxes do país. É que se não fossem as desbocadas que andaram a queimar soutiens e as doidas das Simones de Beauvoir e essas putas dessas Virginias Wolfs, elas bem podiam penar pela silicone toda do mundo que o melhor que lhes podia acontecer em termos de cirurgia plástica era coserem-lhes a boca com uma linha e cortarem-lhes o clitóris com uma lâmina de barbear. E enquanto isto tudo acontecer, seja a mim, a uma amiga minha ou à criança guineense, ou à bebé morta na China, ou à adolescente do Afeganistão, ou à mulher da Nigéria, vou-me insurgir contra todas essas vacas que acham que igualdade é ter um cartão de crédito só delas.