Fazer ou não fazer...
A Caipira, indignada com o país a arder, escreveu uma posta e lá pelo meio duvidava se fazia o suficiente para mudar alguma coisa além de simplesmente se indignar.Quanto aos fogos, digamos que ser bombeira não me está na massa do sangue, mas há sempre coisas que se podem fazer. Sempre. Não quero tornar este post numa cena de dar lições de moral, paternalista, armada ao ai-que-eu-sou-tão-bem-comportada. Nada disso. Mas há coisas que se fazem e há riscos até nessas pequenas coisas.
Eu, por exemplo, corro vários riscos quando tento zelar pelo bem da comunidade.
Cena 1:
Campo de Ourique, Lisboa
Mulher vai à minha frente no passeio a comer um bolo. Atira o papel para o chão quando o caixote do lixo está a cinco metros.
Rita - Olhe, desculpe, porque é que atirou o papel para o chão? Não vê que há ali um caixote?
Ela - Meta-se na sua vida!
Rita - Eu meto-me, mas como tenho de partilhar a rua consigo....
(a mulher virou costas mas quase me afinfou uma murraça. pelo menos destruiu-me com os olhos. e acho que se aquilo fosse para a frente eu não teria arcaboiço para a gaja)
Cena 2
Arco do Cego, Lisboa
Um carro pára à minha frente. De lá sai um bombeiro, uma senhora com cara de avó e uma mulher com um bebé de meses ao colo que ia com ela no banco da frente.
Rita - Acha bem, o senhor que até é bombeiro, ir com a criança sem cadeirinha?
Senhora com cara de avó (embaraçada) - É que a cadeirinha estava no outro carro....
Rita - Pois, e ainda por cima esse senhor que é bombeiro... Já não viu gente que chegue a morrer em acidentes de carro?
Senhora com cara de avó - (muda)
O bombeiro seguiu em frente, mas acho que ainda esteve para puxar do machado....
Cena 3
Telheiras, Lisboa
Rita - Olhe, desculpe, é por ter um jipe que acha necessário estacionar em cima de passeios? É para poder galgar qualquer coisa?
Senhor do jipe olha.
Rita arranca. É que este podia meeeeesmo correr mal.
E para terminar: declarei o valor real da compra da minha casa, pedi factura ao homem dos estores e paguei mais 17 por cento do que podia ter pago ainda que não consiga pôr o raio da factura no IRS, peço sempre o livro de reclamações quando sou mal servida e refilo. Pois refilo.
É só para avisar que sou a favor do terrorismo urbano. Não tarda começo a riscar carros, cortar pneus e atirar pedras à cabeça desta gente.
Isto enquanto não houver a «licença para a estalada». Mas deste assunto, falarei mais tarde.