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14.6.08

Uma hora pequenina não, uma hora boa

«O médico começou a ficar muito nervoso, estava mesmo cheio de medo e então, estava eu já com a dilatação quase feita quando ele disse que o bebé não tinha rodado e por isso era melhor fazer uma cesariana.»

Juro que fiquei em estado de choque quando ouvi isto. Juro que não lhe consegui dizer que os bebés rodam na altura da expulsão, que ela tinha pago a porcaria da cesariana a peso de ouro, que o hospital particular tinha enchido mais ainda os bolsos à custa dela. Depois lembrei-me de ela dizer do medo do médico. E pensei melhor. Talvez naquela circunstância, com aquele médico, aquela tivesse sido a melhor opção. Mas fiquei triste. Ela que tinha conseguido andar em pé durante o trabalho de parto, que me disse que estava numa paz fantástica, segura de si, concentrada na possibilidade de ter um parto natural. Tudo poderia ter acontecido como ela desejava não fosse aquele médico, como tantos outros, que não sabem o que é um parto natural, porque nunca assistiram a nenhum, porque não foi para isso que foram treinados.

Por isso fico sempre de lágrimas nos olhos quando leio textos como estes linkados aqui em baixo. Testemunhos destes. Pela alegria que estas mulheres conseguiram experienciar, pela tristeza de o meu parto ter sido tão medicalizado que, sinceramente, nada senti. Não tive dores, é certo, mas fiquei sempre com um enorme vazio, com a sensação de que tudo aquilo era de menos. Foram nove meses de uma gravidez maravilhosa para tudo terminar no meio de comprimidos, epidurais e médicos. Sem emoção.

O segredo mais bem guardado

Clara

Cláudia