No país dos...
Diz um dos senhores directores - ou serão todos? - da revista Sábado:«Em Portugal, parece que ainda não percebemos, mas não são só as empresas que perdem com licenças de um ano e regimes em part time durante mais de três anos: são também as mulheres, as famílias e os próprios filhos.»
Isto a propósito das novas licenças de maternidade.
Digo eu:
Em Portugal, parece que ainda há gente que não percebeu que os filhos são importantes num país em que o envelhecimento da população é brutal. Em Portugal, parece que ainda há gente que não sabe o quão é importante para uma criança passar os primeiros meses de vida em casa. Em Portugal, há muita gente que acha que a competitividade se faz à custa de turnos de vinte horas, de gente cansada e sem estímulos, de homens e mulheres frustrados, de casais que adiam ad eternum o desejo de ter filhos porque os horários de trabalho não o permitem.
E é em Portugal que esta gente que assim pensa massacra as mulheres que ousam sonhar em parir, corta-lhes os aumentos porque estiveram grávidas e tenho para mim que, se pudessem, só contratavam homens, pela simples razão de que não têm TPM.
Esta nova lei «obriga» a que a licença seja partilhada para que esta gentinha não discrimine apenas as mulheres para estas poderem ter e estar com os filhos. Porque se os homens também se ausentam, não dá com certeza para pôr macacos a fazer o trabalho desta outra gente que teima em ter uma vida além do emprego.
Ou que não tem dinheiro para empregadas internas, claro está.