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23.1.06

Mariani, sweet, Mariani

Querido diário:

Ontem foi um dos dias mais felizes da minha vida. Foi de tal maneira emocionante que até me esqueci do lencinho em casa e não o pus a tapar o ombro como gosto.
A manhã acordou esplendorosa, e tal como disse o Aníbal, estava um sol maravilhoso, um sol que todos os portugueses deviam aproveitar. Eu gosto tanto quando ele fala assim, quase parece o Camões num dos seus cantos dos Lusíadas - não sei porquê mas nunca consegui decorar quantos tem.

O Aníbal vestiu o fato domingueiro, arranjei-lhe a gravata, mas parece que o nó não ficou muito bem feito. Pelo menos foi o que disse o Fernando, o Lima, que acabou por lhe ajeitar o nó.

Depois de votarmos e de o Aníbal ter dito aquelas lindas palavras fomos até casa. Pus a melhor toalha na mesa, aquela que comprei em Bilros, e estivemos ali com a família. Só mais tarde nos apercebemos que havia câmaras de televisão apontadas para a janela e o Aníbal até fez uma careta daquelas engraçadas que ele costuma fazer - como quando lhe perguntaram sobre o Santana Lopes - assim que viu que estava a dar na SIC.

Depois às oito da noite vimos as sondagens. Foi uma alegria muito grande, mas um nervoso também. Já não me cabia nem mais um croquete na garganta e a esta altura o penteado que a Mila me fez já estava a dar de si. Fui à casa de banho, pus mais um bocado de laca e ficou óptimo. Bem, ficou óptimo para todos menos para o Fernando, o Lima, que me disse que a partir de agora me vai arranjar outra cabeleireira. E um estilista, ele, o Lima, falou qualquer coisa sobre um estilista.

Brindámos com champanhe, eu bebi só meio copo de Asti Gancia, que aquilo sobe-me à cabeça e fomos até ao Centro Cultural de Belém, uma grande obra do meu Aníbal. Antes de sair de casa ainda vi imagens de Boliqueime, a nossa linda terra, e das gentes que nos apoiaram, ao Aníbal e a mim.

No caminho passámos pelo Palácio de Belém e olha, querido diário, essa foi a grande asneira. Só de pensar em limpar o pó àquela casa toda não preguei olho a noite inteira. Lavar os cortinados, os tapetes, tirar o pó dos sofás, colocar os naperons no sítio certo, ensinar a cozinheira - sim, que eu não estou para comer aquelas coisas esquisitas que se serviam no tempo do Mário Soares e da outra Maria - arear as pratas e ainda por cima arranjar um sítio decente para o quadro do Jorge Sampaio. Uma trabalheira. Ainda bem que a tomada de posse é só daqui a umas semanas, que assim ainda tenho tempo de ir ao Vidal encomendar uns tecidos.

Não sei ainda bem é como vou dizer à Mila que não posso ir lá mais fazer a mise e arranjar as unhas, e muito menos explicar à dona Serzinanda que não vou deixar lá as saias para apertar e subir baínhas.

No meio disto tudo, e durante a viagem, apenas uma coisa ficou resolvida. A placa da VIVENDA MARIANI vai ficar linda ali no meio daqueles senhores de farda e capacete com cabeleira branca. Fica assim tudo num género rústico. Que é, querido diário, como bem sabes, o que eu mais adoro.

Beijinhos, da sempre tua

Maria