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7.4.05

Comprar: respostas na ponta da língua

Às vezes acho que a idade me retirou este, como direi, atributo. Como o Lucky Luke era mais rápido que a sombra a puxar do gatilho eu era assim a responder. Pronta e certeira. Língua afiada. Mas fui amaciando. De tal maneira que no outro dia saí do cabeleireiro a parecer um piaçaba e com menos 40 euros no bolso e só consegui passar as horas seguintes a chamar filha da puta à gaja que me fez aquilo enquanto lavava e lavava o cabelo que demorou um mês a voltar ao normal. Puta.
Mas a verdade é que não lhe disse nada. Estou a ficar lenta, é o que é. E isso tem custos. No meu caso, em vez de me arrepender por ter dito uma grande bacorada e injustiçar alguém por ser brusca, acabo por pagar por ter andado a remoer nas coisas. Mas só agora é que dizes isso?, respondem-me.

É por isso que esta manhã, ao ler a crónica do Lobo Antunes na Visão, decidi que vou treinar e aperfeiçoar a rapidez da resposta, o ataque mortífero em menos de um segundo, a estalada que se sente antes de se ter visto o alçar da mão. Até porque o Lobo Antunes - genialidade (a dele) à parte - tem idade para ser meu avô e é rápido a disparar.
Ora vejam lá se não é:
Estava ele em Paris, não se sabe bem onde, quando lhe apresentaram um alto funcionário, «desses com a Roseta da Legião de Honra na lapela». O homem pensava que o Lobo Antunes era espanhol e ao ficar a par da verdade.....
« -Português, que engraçado.
A minha mulher-a-dias é portuguesa.»
Respondeu o Lobo Antunes, diz ele, «naturalmente»:
« -Você é capaz de não dar um mau mordomo»

Isto é que é, meus amigos. Não é sair do vernissage com uma azeitona entalada na garganta e a mandar o francês levar no cú...