2010
Também nos mentiram sobre o Natal, diz o rapaz que viaja e também já sofreu. Fugia de tudo com medo de estar sozinho, da mesma maneira que a outra ficava e ficava e ficava. Aquela que quando saltava da árvore dos cinco cantinhos nunca arranjava outra árvore para se agarrar. Ficava perdida e sozinha no meio e por isso às vezes deixava de arriscar. Quando arriscava porém, a sorte era sempre a mesma e lá ia ela agarrar-se à árvore cheia de raízes fortes e seguras. Uma árvore boa, que deu folhas, flores e de onde saiu uma outra, pequenina, que agora cresce. Uma árvore onde ela podia ter sombra em dias de sol e abrigo em dias de chuva. Que ela sempre abraçou com amor.Atirou-se para o abismo e nunca mais a viu, à árvore a quem outra agora se agarrou, é assim o jogo.
Caiu, caiu, caiu, caiu e continua a cair.
Mas está a chegar a hora de aprender a planar. A voar. Ainda que por agora trema de medo das alturas e da queda.
Não espera um pára-quedas nem um colchão lá no fundo. Espera apenas nunca mais ter medo do salto.
Venha a década.