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6.9.07

Dos subsídios

Nosso caríssimo primeiro decidiu que a melhor forma de incentivar a taxa de natalidade é dar uns euros às grávidas. O máximo que uma mulher pode receber são 130 euros por mês a partir das doze semanas de gravidez. O prazo, presumo, tem a ver com a probabilidade dos abortos espontâneos até à data....

Tudo muito bonito, não fosse a puta da realidade a lixar as tão generosas contas do primeiro (já não se lhe chama engenheiro, pois não?).

Para começar, só mesmo quem tem rendimentos miseráveis é que recebe os tais 130 euros por mês. E a essas grávidas presumo que, mesmo essa quantia, não vai fazer muito por elas. Além do mais, toda a gente sabe que é depois de os bebés nascerem que as contas disparam. Senão, vejamos.

Uma cadeirinha para o carro custa à volta de 180 euros. Ok, pode comprar-se aos 4 meses de gravidez. Lá se vai o primeiro de subsídio. A cama, para quem puder ir ao ikea, mais uns 100 euros. 5º mês.

Roupa. 6º mês.

Creche...... 7º, 8º e 9º mês para inscrição e seguro.

Isto se partirmos do princípio que as grávidas são seguidas no SNS e não pagam quase nada por consultas e ecografias, tendo depois o bebé num hospital público.

Posto isto, pergunto-me se não seria bem mais produtivo que o primeiro construísse creches, que aceitassem bebés desde o berçário. É que só aqui poupava muito subsídio que não vai servir para quase nada, ainda dava emprego a muita gente - na maioria mulheres - que em vez de uma merda de uma esmola teriam um salário no final do mês e um trabalho que acredito seria gratificante.

Também podia lembrar-se de pôr a funcionar a porcaria da Comissão Para a Igualdade no Trabalho e na Empresa que tem por missão impedir que as mulheres sejam despedias pelo simples facto de estarem grávidas (ah ah ah, é para rir não é?).

E se não fosse já estar a pedir de mais, quando se lembrar de rever as licenças de parto, tornar alguns desses meses «gozáveis» pelos pais (homens) que era para ver se nessa altura as empresas passavam a contratar apenas gajos vasectomizados...

Mas não. O primeiro prefere distribuir uns trocos. E acha lá mesmo no seu íntimo que é assim que vai pôr o país a parir.

De facto, do alto do seu apart no Heron Castilho, com as crianças a estudar no Colégio Alemão, o primeiro não pode perceber nada disto. Mas podia pelo menos tentar.