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31.3.06

O CPE português

Andam os jovens franceses a destruir montras, a incendiar caixotes do lixo, a levar com rajadas de água da polícia porque se recusam a ser tratados como descartáveis só por serem jovens. Segundo a proposta do governo francês, qualquer trabalhador pode ser despedido sem justa causa durante os dois primeiros anos de contrato, desde que tenha até 26 anos de vida.

Erguem-se as vozes dos economistas, dos directores de jornais económicos, dos opinion makers (se calhar alguns com pouco mais dos tais 26 anos) para criticarem esta gente. Que estão errados, que se são jovens deviam aceitar o risco, que o CPE (Contrato de Primeiro Emprego) vai servir para gerar mais emprego, para contratar mais jovens, que esta gente tão nova afinal só quer é estabilidade e a mesma vida que os pais têm, tipo funcionários públicos com um emprego e não um trabalho, blá, blá, blá....

O governo francês devia dar o exemplo do caso português a todos esses delinquentes que andam a manifestar-se nas ruas e que deviam era estar a trabalhar.

Aqui neste nosso Portugal não precisa existir um CPE nem nada disso. O pessoal é contratado a prazo, mesmo sem justificação para tal, e depois, ao fim de 6, 12, ou 18 meses leva com uma cartinha nas fuças a dizer adeusinho e um queijo. Mesmo que tudo estivesse a correr bem, mesmo que se seja um bom profissional, mesmo que estejamos a falar de uma pessoa jovem, o que pelos vistos significa que não é bem pessoa.

Como toda a gente também sabe, o facto de se poder utilizar este tipo de esquema em Portugal, faz com que o emprego suba exponencialmente. Devido a estes despedimentos, a esta «flexibilidade» no pôr e dispôr das pessoas, a taxa de emprego em Portugal subiu de forma avassaladora e os jovens aqui passeiam-se tranquilamente. Quando muito dão uns pontapés a um caixote do lixo, mas é apenas porque tropeçaram nalguma carta de cessação de contrato que ficou caída no chão....