tag:blogger.com,1999:blog-93898232024-03-12T23:05:50.165+00:00lista de comprasNesta lista há de tudo e por isso vai variando consoante as necessidades...Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.comBlogger521125tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-91345719735205799142011-02-08T17:11:00.000+00:002011-02-08T17:11:31.930+00:00Olho para isto de vez em quando só para ir ao único blogue que agora gosto e ler de uma penada os posts de três ou quatro meses seguidos. Cansei-me de escrever num blogue, estou farta de bloguers e não gosto de ler no computador. Mas ultimamente dá-me vontade de iniciar sessão. Ai que não escrevo há tanto tempo e que eu gosto tanto e às vezes até saem umas coisas de jeito e se puser no facebook até é capaz de vir alguém comentar, deixar um elogio, qualquer coisa que me faça bem ao ego. E nessa altura penso se calhar devia mesmo escrever mais e todos os dias leio o Hugo e ele faz aquilo tão bem e pequenino como deve ser para quem compra um jornal todas as manhãs. Diz coisas bonitas de Lisboa e fala muito de mulheres. Eu gosto.<br />
A verdade é que não vou à psi há muito tempo e ao cinema também não. Estou em pousio com os livros porque não me consigo decidir qual é que vou ler agora e o biggest loser acaba tarde e por isso aquele do Amis que é gordo e está em inglês não consegue sobreviver ao meu sono. Também comecei a fazer desporto, o que não ajuda em nada à escrita. Uma pessoa sente-se mais saudável e isso para mim não é muito bom. Além de que tira tempo.<br />
Depois, bom, depois penso na Primavera que está aí a chegar e queria muito ficar mais contente e corada e com as sardas a notar-se na cara. Ir às esplanadas e deitar conversa fora com sumos de abacaxi com hortelã e quilos de queijo mozzarela em saladas com azeitonas.<br />
Vi no outro dia a Cameron Diaz e o Ashton Kutchner aos beijos e foi bom apesar de ser um domingo de frio. É por isso que não vou pagar bilhete para o Biutiful, fodasse.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-78523886152103051902010-04-13T16:10:00.001+01:002010-04-13T16:10:18.367+01:00E dias em que as músicas são a nossa vida<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/aqwSp6R6zd4&hl=pt_PT&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/aqwSp6R6zd4&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-72323711523769708412010-04-09T17:08:00.001+01:002010-04-09T17:08:54.323+01:00Há dias em que vivemos noutro planeta<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/w6l8zrsf4LY&hl=en_US&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/w6l8zrsf4LY&hl=en_US&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-50471676998196618372010-04-07T20:25:00.001+01:002010-04-07T20:25:23.470+01:00Dance, obviously<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/C0V4W1D8Db8&hl=pt_PT&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/C0V4W1D8Db8&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-66470831345605058122010-04-04T23:54:00.002+01:002010-04-05T00:04:11.514+01:00Go away weekends<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/8uf1n1wUfxE&hl=pt_PT&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/8uf1n1wUfxE&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-65076272047978036822010-04-03T18:52:00.000+01:002010-04-03T18:52:34.990+01:00listas. coisas.Alegrias, as não medidas<br />
Peles, as não extorquidas.<br />
<br />
Histórias, as ininteligíveis<br />
Conselhos, os inexequíveis.<br />
<br />
Solteiras, as jovens<br />
Casadas, as que enganam os homens.<br />
<br />
Orgasmos, os não síncronos<br />
Ódios, os recíprocos.<br />
<br />
Domicílios, os permanentes<br />
Adeuses, os sub-ardentes.<br />
<br />
Artes, as não rentáveis<br />
Professores, os enterráveis.<br />
<br />
Prazeres, os que exprimir se podem<br />
Fins, os de segunda ordem.<br />
<br />
Inimigos, os sensíveis<br />
Amigos, os incorruptíveis.<br />
<br />
Cores, o rubro<br />
Meses, Outubro.<br />
<br />
Elementos, o fogo<br />
Deuses, o monstro.<br />
<br />
Decadentes, os louvaminheiros<br />
Mensagens, os mensageiros.<br />
<br />
Vidas, as lúcidas<br />
Mortes, as súbitas.<br />
<br />
<br />
<i>Preferências de Orge, Bertolt Brecht</i>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-50578899318555066402010-03-29T19:59:00.002+01:002010-03-29T19:59:59.342+01:00Música de primavera<object width="480" height="295"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/7jgmgE-QDzA&hl=pt_PT&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/7jgmgE-QDzA&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="295"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-39079164054571283382010-03-29T14:21:00.002+01:002010-03-29T14:21:42.581+01:00Há dias em que me ponho a ler coisashttp://ojardimassombrado.blogspot.com/2010/03/loss-and-magic.htmlRitahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-8853169193202853392010-03-27T19:15:00.001+00:002010-03-27T19:15:49.739+00:00Há dias em que dançamos no meio da salaRitahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-61372164271441272722010-03-22T15:06:00.000+00:002010-03-22T15:06:18.380+00:00Always the ones that you least expect<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/3Pi62td5Mc4&hl=pt_PT&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/3Pi62td5Mc4&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-18573873528088404782010-03-12T12:15:00.000+00:002010-03-12T12:15:48.680+00:00Repeat, on repeat"The concept is absurd. The idea that we can only be complete with another person is evil! Right?" <br />
<br />
<br />
in Before Sunset, relembrado pela <a href="http://www.horas-perdidas.blogspot.com/">Luna</a>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-37275655955548846642010-03-10T10:21:00.000+00:002010-03-10T10:21:51.886+00:006 anosGosta de: acordar cedo, deitar-se às onze da noite, dinossauros, ler tudo o que está escrito em cartazes, nas paredes e nos sinais de trânsito, homem aranha, Ben Ten, animais, música, cantar, lutas, correr, ver televisão, dormir acompanhado, ouvir histórias antes de adormecer, do Miguel, do Francisco, do António, do Nico, da Filipa e da Madalena, mousse de chocolate, bolo de chocolate, chocapic tirado do pacote, cinema, fazer tudo o que lhe apetece, comprar cromos, ter cadernetas de cromos, bakugans, Eurodisney, da avó, falar alto, sentar-se com as pernas cruzadas, sentar-se com as pernas para trás, roer as unhas, do Sporting.<br />
<br />
Não gosta de: tomar banho, horários, que o apressem, que lhe dêem ordens, vegetais, água na cara, ficar sentado, não poder comprar cromos, cortar as unhas, dar beijos a quem não conhece, ter poucas visitas, fazer mal alguma coisa, saltar pedaços de histórias, que gozem com ele, ficar sozinho, pesadelos, gomas, rebuçados, chupa-chupas, pastilhas elásticas, bolos que não sejam de chocolate, sopa «com coisas», mentiras, promessas não cumpridas, cromos esgotados.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-32148144258163325892010-03-01T11:47:00.001+00:002010-03-27T19:17:31.381+00:00French Kiss<object width="560" height="340"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/cZHgQNLwBog&hl=en_US&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/cZHgQNLwBog&hl=en_US&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br />
<br />
Do minuto 04:00 aos 04:20...<br />
<br />
«I've spent most of my adult life trying to protect myself from exactly this situation. And you can't do it. There's no home safe enough, there's no country nice enough, there's no relationtship secure enough. You're just setting yourself up for an even bigger fall and having an incredible boring time in the process.»<br />
<br />
A minha amiga que me mandou isto diz que vai escrever uma tese sobre grandes frases em filmes de categoria duvidosa, daqueles que nos apanham aos domingos no sofá... e nos assaltam com pensamentos tão bons como este.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-37287132359282752532010-02-19T15:13:00.000+00:002010-02-19T15:13:19.051+00:00Sim, já lhe escrevi um mail e tudo...<a href="http://sushileblon2.blogs.sapo.pt/219644.html">Tenho um amigo, que por acaso é o meu melhor amigo, que me diz algumas vezes – quando me vê muito eufórica – que eu não posso viver a vida como se estivesse dentro de um filme. Que não posso querer só sexo bom, só aventura, só sedução e bons jantares. Que tenho um problema com pessoas feias, isto é, que só gosto de pessoas bonitas e isso é triste e faz de mim uma canalha com uma idade mental bastante inferior aos meus - quase - quarenta anos. <br />
O que ele me quer dizer é que eu tenho um problema com rotinas e amores (a chatice do amor é quando ele se prolonga e torna uma instituição de barbas brancas defendida pelos terapeutas familiares) e que a vida não pode ser a loucura que eu quero que seja sempre e para sempre. Os dois temos razão. Ainda hei-de acreditar no sexo bom entre velhinhos.<br />
<br />
Mónica Marques</a>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-13908044419972761042010-02-06T17:27:00.002+00:002010-02-06T17:27:17.368+00:00Se o meu peito diz coragem<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/iv8KovYcbQA&hl=pt_PT&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/iv8KovYcbQA&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-3546842007181182882010-02-06T15:06:00.003+00:002010-02-06T15:07:35.115+00:00Carrossel dos esquisitos<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/BFff-FekFWU&hl=pt_PT&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/BFff-FekFWU&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-3580559362932330152010-01-28T11:31:00.001+00:002010-01-28T11:35:21.869+00:00O ar que se respirava não era o mais saudável, mas pelo menos estava acompanhado. Dia e noite nunca se sentia sozinho naquela casa, uns míseros metros quadrados muito bem ventilados, com sol em dias de sol, e chuva em dias de chuva. No Verão fazia muito calor e no Inverno sempre frio. Quando amanhecia sentia a luz a entrar-lhe pelos olhos e mal caía a noite sentia-se iluminado aqui e além pelas luzes dos carros que passavam. Primeiro muitos a caminho de casa, depois menos, às tantas quase nenhum. Até que o sol voltava a nascer e a correria se iniciava.<br />
Viveu naquela casa durante vinte anos. Fez uma cama pequena. Estava quase sempre em pé, naquela divisão que era quarto e sala. Atravessava para ir à casa de banho, apenas quando o sinal ficava verde para os peões. O sinal que ele podia partilhar com quem passava, eram muitos os convidados lá de casa, uma casa que ele sentia apenas dele.<br />
Vivia num passeio junto a um semáforo. Tinhas longas barbas, comia quando havia o que comer, não falava com ninguém. Houve dias em que se esqueceu de como se chamava ou de quantos anos tinha. Contava os dias pelas luzes dos faróis que ora o encandeavam acesos, ora passavam por ele apagados. Contava as estações do ano pelo calor que fazia ou pelo frio que lhe enregelava os ossos. Contava a idade pelo tamanho dos pelos que lhe pendiam da cara e que foram mudando de cor. Por vezes passava mal. Detestava o amarelo intermitente.<br />
Ela tinha um quarto, mas as noites passava-as na esquina da rua, onde amontoava caixas da telepizza. Todas de tamanho familiar. Algumas com restos, aquelas bordinhas mais queimadas que ninguém gosta de comer. Não lhes tocava, mesmo quando tinha alguma fome e nenhum cliente aparecia para lhe usar o corpo em troca de algum dinheiro. Por vezes quando se afastava, durante o dia, para trocar de roupa ou dormir um pouco, alguém fazia desaparecer as caixas. Isto nos dias em que ia directamente do carro dos homens que se diziam satisfeitos para o terceiro andar da Rua dos Anjos. Nos outros passava para ir buscar as caixas. Levava-as para o quarto, colocava-as numa pilha ao lado da cama. Tinha vinte e três. Chouriço e azeitonas, fiambre e ananás, frango e natas, tomate e cogumelos.<br />
Deitava-se com o cheiro do cartão sujo de gordura e sonhava com uma mesa posta ou um sofá com gente, a partir fatias e a servir copos de coca cola. Às vezes tinha pesadelos. Detestava quando lhe trocavam os pedidos.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-25132723331967089612010-01-25T21:01:00.000+00:002010-01-25T21:01:43.224+00:00Está sempre frio e uma nuvem paira no ar, ainda que esteja sol em Lisboa, ali gela e há vento. Os moinhos não têm velas, e por isso não giram. Ouve-se o barulho dos carros que passam velozes na autoestrada sempre à vista. À mão. Um caminho, um acelerador, um bilhete de volta para o mundo que corre. Muito depressa. Como corre o cão, preso por roubar e assassinar galinhas, agarrado a uma corrente com tamanho suficiente para que exercite as patas, mas que não o deixa fugir.<br />
Cheguei num dia sem luz. As botas a bater na calçada anunciavam-me sempre que passava. Ainda que não percebesse, todos me olhavam e faziam perguntas para as quais não encontravam respostas. Soube depois que repararam na cor do meu casaco e na maneira de eu andar. Depois, quando nos sentámos à mesa e fumámos cigarros. Quando jogámos matraquilhos e dissemos asneiras. Mas naquele primeiro dia era uma intrusa.<br />
Sentei-me longe do semi-círculo que fizeram com as cadeiras. E quando ele começou a falar já o microfone estava desligado. Chama-se Ernesto. Tem 43 anos. Usa óculos e um dos olhos é baço, não sei se vê bem como o outro castanho escuro. Não tem a certeza que ainda vá a tempo. Mas soube esperar depois de nove anos na prisão. Soube que tinha de esperar mais, que tinha de ter mais tempo. Soube-o naquele dia em que saiu da prisão e os carros o assustavam. De sobressalto em sobressalto pela rua fora quis parar mais um pouco. Quis conhecer-se fora das grades. Quis saber falar com os outros sem pensar quem tinha a faca atrás das costas. Quis ter regras e cumprir horários. Quis aprender ofícios novos. Quis esperar antes de se fazer à estrada.<br />
Contou-me isto tudo, o Ernesto, o ex-traficante, o ex-toxicodependente, o ex-presidiário. O Ernesto. Doce, paciente, sorriso sincero, um pouco tímido. Disse-me no fim da entrevista que ia reparando na minha cara enquanto ele falava. Que eu lhe transmitia segurança, que tinha um sorriso franco e que via em mim uma pessoa estável. <br />
O Ernesto puxou de um cigarro enquanto eu apanhava um lenço de papel no bolso do casaco para limpar as lágrimas. Ele quer ter uma namorada. Eu queria muito dar-lhe um abraço.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-50627247298198795432009-12-15T16:46:00.009+00:002010-01-09T22:06:44.388+00:002010Também nos mentiram sobre o Natal, diz o rapaz que viaja e também já sofreu. Fugia de tudo com medo de estar sozinho, da mesma maneira que a outra ficava e ficava e ficava. Aquela que quando saltava da árvore dos cinco cantinhos nunca arranjava outra árvore para se agarrar. Ficava perdida e sozinha no meio e por isso às vezes deixava de arriscar. Quando arriscava porém, a sorte era sempre a mesma e lá ia ela agarrar-se à árvore cheia de raízes fortes e seguras. Uma árvore boa, que deu folhas, flores e de onde saiu uma outra, pequenina, que agora cresce. Uma árvore onde ela podia ter sombra em dias de sol e abrigo em dias de chuva. Que ela sempre abraçou com amor.<br />
Atirou-se para o abismo e nunca mais a viu, à árvore a quem outra agora se agarrou, é assim o jogo. <br />
<br />
Caiu, caiu, caiu, caiu e continua a cair. <br />
<br />
Mas está a chegar a hora de aprender a planar. A voar. Ainda que por agora trema de medo das alturas e da queda. <br />
<br />
Não espera um pára-quedas nem um colchão lá no fundo. Espera apenas nunca mais ter medo do salto.<br />
<br />
Venha a década.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-86708756158645521712009-12-07T00:16:00.000+00:002009-12-07T00:16:26.652+00:00<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/va3gMtfH1sE&hl=pt_PT&fs=1&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/va3gMtfH1sE&hl=pt_PT&fs=1&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br />
<br />
<b>ainda que debaixo da chuva e do frio, ainda que não saibamos onde nos leva a estrada, ter-nos-emos sempre. sempre.</b>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-49176320062198899352009-12-04T17:16:00.001+00:002009-12-04T17:16:20.722+00:00Vou fazer uma árvore de Natal. Na nossa casa onde entrava o sol e onde o filho brinca desarrumado. Vou montar o pinheiro comprado num ano de felicidade qualquer, um dos 15, ou 12, ou 13, não sei ao certo quantos são. Quantos foram. Hoje vou entrar na porta com ele pela mão e vamos procurar o livro dos brinquedos para completar a carta ao Pai Natal. E vou ter de pôr um brilho qualquer nos meus olhos que só se embaciam. Vou pegar nos anjos e pedir que me alumiem, vou colocar as prendinhas e fazer desejos. Tenho de pôr as luzes também, acendê-las, mudar o botão para o modo intensidade flutuante. Mais tarde, quando ele já estiver a dormir, quente, depois de lhe ler uma história - tem sido aquela em que ele marca dois golos pelo Sporting - volto à sala vazia. As luzes vão-me lembrar tudo aquilo que já não existe. Tudo aquilo que já não me pertence. A fotografia permanece lá em cima. A preto e branco. Vou olhar para ela com os olhos molhados, e imaginar natais passados. Aqueles em que fomos felizes os três.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-47958759048513280072009-12-03T20:33:00.002+00:002009-12-03T20:33:31.771+00:00Ninguém inventa nada<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/f1ADgqtU6Zs&hl=pt_PT&fs=1&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/f1ADgqtU6Zs&hl=pt_PT&fs=1&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-89747573279336161412009-11-30T02:45:00.000+00:002009-11-30T02:45:47.266+00:00Dos cromossomasNão foi só ter entrevistado o Futre durante cinco horas, ou de ter passado uma hora e meia em cima do autocarro do Benfica campeão sendo que por breves instantes consegui deixar o Simão Sabrosa a espumar, o que muito me alegrou, não foi por ter de ter travado conversa com o Cristiano Ronaldo ou de ter conhecido vinte amigos do Scolari, todos interessados em churrascos, arroz, feijão e erva mate. Não foi pelos joelhos esfolados e pela porrada que dei em alguns vizinhos na infância. Acho que não foi por nada disso que às vezes posso parecer um gajo nisto das coisas dos amores e das conquistas e das conversas e das camas. E daí, talvez tenha sido. Um dia desenvolvo.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-4710406338383956702009-11-12T23:58:00.000+00:002009-11-12T23:58:03.355+00:00Post SecretVejo sempre pessoas a chorar dentro dos carros. Penso sempre que nunca me vêem a mim.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-9389823.post-44779160323501940932009-11-10T13:49:00.000+00:002009-11-10T13:49:59.775+00:00TempoNunca quis chegar cedo de mais. E quando deu por ele no meio do Inverno, sozinho, e com a casa pela metade não percebeu se queria partir o resto das estantes, queimar os livros, riscar os discos, rasgar as cartas, partir os quadros, dobrar os talheres, furar as paredes, escortanhar os sofás, cortar as goelas de alguém que não conhece mas que quer ver morto.<br />
Nunca quis chegar a tempo. A tempo de apertar um parafuso, cheirar as páginas dos poemas, encostá-la a uma parede, romper pela vida dentro como se o dia terminasse ali. A tempo de pendurar um vestido, fechar o perfume que ficou tombado em cima do armário da casa de banho a cheirar a molhado de um corpo que se deixou a pingar pelo chão.<br />
Nunca quis chegar tarde.Ritahttp://www.blogger.com/profile/03337239096714296792noreply@blogger.com1