lista de compras: fevereiro 2009

24.2.09

No país dos...

Diz um dos senhores directores - ou serão todos? - da revista Sábado:

«Em Portugal, parece que ainda não percebemos, mas não são só as empresas que perdem com licenças de um ano e regimes em part time durante mais de três anos: são também as mulheres, as famílias e os próprios filhos.»

Isto a propósito das novas licenças de maternidade.

Digo eu:

Em Portugal, parece que ainda há gente que não percebeu que os filhos são importantes num país em que o envelhecimento da população é brutal. Em Portugal, parece que ainda há gente que não sabe o quão é importante para uma criança passar os primeiros meses de vida em casa. Em Portugal, há muita gente que acha que a competitividade se faz à custa de turnos de vinte horas, de gente cansada e sem estímulos, de homens e mulheres frustrados, de casais que adiam ad eternum o desejo de ter filhos porque os horários de trabalho não o permitem.

E é em Portugal que esta gente que assim pensa massacra as mulheres que ousam sonhar em parir, corta-lhes os aumentos porque estiveram grávidas e tenho para mim que, se pudessem, só contratavam homens, pela simples razão de que não têm TPM.

Esta nova lei «obriga» a que a licença seja partilhada para que esta gentinha não discrimine apenas as mulheres para estas poderem ter e estar com os filhos. Porque se os homens também se ausentam, não dá com certeza para pôr macacos a fazer o trabalho desta outra gente que teima em ter uma vida além do emprego.

Ou que não tem dinheiro para empregadas internas, claro está.

23.2.09

Racismo é burrice

A manchete de hoje do Correio da Manhã é:

«40% DOS HOMICIDAS SÃO ESTRANGEIROS»

De certeza que este jornal se indignou com a forma como os trabalhadores portugueses estavam a ser tratados em Inglaterra, mas a verdade é que fala e escreve como Alberto João ou os sindicalistas britãnicos que queriam os emigrantes fora dali. Porque o que este estudo aqui citado diz é outra coisa, é que 60 % DOS HOMICIDAS SÃO PORTUGUESES.

16.2.09

Dia dos namorados (not)

Encontrei finalmente a solução ideal para (não) festejar o Dia dos Namorados.

1. Jantar fora no dia anterior com os rapazes da vida, marido e filhote, num belo restaurante sem filas nem casalinhos enjoados.

2. Ir ao cinema no próprio do dia, sozinha, enquanto os rapazes vão ao futebol. (aqui convém comprar o bilhete algumas horas antes porque senão as filas tornam-se intermináveis).

Depois destas comemorações constatei dois factos:

- há casais que vão jantar fora ao centro comercial, no hall das comidas (e não há-de ser pelo preço porque levavam os pratos cheios daquela coisa da comida ao quilo - e já se sabe que menos de 10/ 12 euros não se paga)

- o Slumdog Millionaire é uma mistura de Charles Dickens com Cidade de Deus. Gostei. E é afinal uma história de amor, boa para o evento.

2.2.09

A última vingança

«Ponho fim à minha vida voluntariamente porque não posso continuar a trabalhar. Nenhuma das pessoas que me rodeia está envolvida nesta decisão. Só existe um responsável: Fidel Castro. Os sofrimentos do exílio, as penas do desterro, a solidão, as enfermidades que tenha contraído no desterro, não as teria certamente sofrido se tivesse vivido livre no meu país.
Exorto o povo cubano, tanto no exílio como na Ilha, a que continue a lutar pela liberdade. A minha mensagem não é uma mensagem de derrota, mas luta e de esperança.
Cuba há-de ser livre. Eu já o sou.»

Reinaldo Arenas, carta de despedida, a última da correpondência trocada com um casal cubano exilado em França, que o ajudou a publicar livros na Europa e que o ajudou a sair da Ilha. Todas estas cartas vão ser agora publicadas.

A vingança, porém, ainda não chegou...