lista de compras: setembro 2005

30.9.05

Alguém acabe com isto, por favor...

Às sete da manhã do dia 30 de Setembro, diz-se que é Outono, estavam vinte graus, vinte, sim, celsius, sem ponta de vento nem nada. Diz a senhora na rádio que a tempreatura máxima vai subir. 32 para Lisboa, Santarém pode chegar aos 34.

Eu que sempre estreei assim um belo casaco no meu aniversário, uma camisola nova, qualquer coisa que esteja na colecção OUTONO/ Inverno numa dessas lojas de trapos, tenho de me contentar com este guarda-roupa que já não posso ver à frente.

DESlarguem-me, camisolas de manga curta, sandálias, e afins trajes de Verão, que eu quero é calçar as minhas botas e usar aqueles cachecóis maravilhosos cheios de flores e cores. E já agora, voltar a envergar o meu casaco mais que lindo, que me lembra aquele inverno de Nova Iorque, que desembrulhei só no Natal e que agora nunca mais sai do armário.

Bolas, pá, não se faz isto a um Armani.

Depois do frango à Nelson....

... acho que o Ricardo pode voltar.

29.9.05

Muuiiiito gás!

Olha, vou dar pela primeira vez os parabéns a um blogue. Porque só dou aos que gosto. E mai nada!

Parabéns ao casal Exdruxulina e Exdruxulando e ao seu As Sílabas Tónicas sem Gás por um ano de vida blogoesférica.

É mais forte que eu....

Ele torceu pelo FCP, é verdade, mas juro que eu não.

Não vi o jogo, é certo, mas quando saí do Grupo Desportivo da Mouraria com o Jaime rabugento ao colo só ouvia um nome pelas ruas: Artmédia. Fez-me lembrar logo aquele outro clube de nome estranhíssimo que ganhou ao Sporting e que de repente toda a gente aprendeu o nome. Houve os gafanhotos, Grasshoppers, e depois o Genshlebirlige (ai não é assim que se escreve, mas olha são turcos).

E já agora, que eu não sou de facciosismos, gostava também de saber se o Gabi descascou no Co como descascou no Koeman.

E também gostava de ter visto o Record a fazer um trocadalho com o Co como fez com o Koeman.

Sugiro, senhor director de Record (e juro que estou bem vestida e nem tenho os pés na secretária) :

«Co-caraças, por isto não estávamos à espera»

«Co-Co-Comé que foi possível?»

ou ainda....

«Foram-nos ao treinador e não demos por isso»

28.9.05

Antidepressivo



Foto daqui

Ontem conheci assim face to face a Manuela Azevedo e o Helder Gonçalves. Soube que eles eram casados. E olham-se como se fossem, de facto. E ela é um portento no meio de uma calmaria aparente. E eles adoram a música que fazem. E fazem muita e muito bem. E às vezes até acham que não são assim tão importantes e ela até ri de vergonha quando ouve que a adoram e que há gente que que sabe músicas e músicas de cor e gente que se conheceu e amou porque eles existem.

Há um ano vi-os num concerto maravilhoso no Centro Olga Cadaval, acompanhados pelo não menos brilhante Arnaldo Antunes. Foi presente de aniversário. Ontem conheci-os. Ainda não fiz anos mas foi uma boa prenda. No final de Novembro sai em DVD o concerto onde está algures a minha voz a cantar o H2Omem, o GTI e o Consumado.

Clã, é o nome.

27.9.05

Será?

Pode ser do Outono ou da TPM, pode ser dos trinta que estão aí ao virar da esquina, pode ser do convite que não chega, pode ser birra, pode ser só vontade de chorar, pode ser tristeza, pode ser só por isto que a língua adormece a a cara fica pálida e os olhos vermelhos.

Pode ser que mude.

Pode ser que demore.

Não será por ti. Mas será para vocês, além de mim.

26.9.05

Alegadamente, eu vejo mal (a saga continua)

Ora eu percebo todos os propósitos da Vieira do Mar quando fez a explanação da aplicação da prisão preventida em todas as suas vertentes.

De facto, a senhora nunca chegou a ter ordem de prisão, porque SE PIROU na noite anterior à emissão do mandado (ela sempre foi certeira na marcação das férias, realmente, nunca a ouvi dizer que usava os leilões da TAP...).

Também não há dúvidas de que a senhora poderia ficar no Brasil (ao que parece foi no Brasil que ela esteve em directo para as televisões portuguesas, mas isso não deve sequer constituir prova em tribunal, uma vez que a juíza diz não ter a certeza), visto que tem cidadania brasileira e lá a justiça portuguesa não a pode tocar.
(a Fátima sempre primou por escolher muito bem os seus destinos de férias)

E também é verdade que ela se apresentou à justiça portuguesa QUANDO E APENAS QUANDO sabia que já não era possível aplicar-lhe a tal pena, não é verdade?

Admitindo que o facto de a senhora se ter ausentado do país sem mais nem porquê horas antes de lhe ter sido emitida uma ordem de prisão não constitui prova suficiente de que a senhora poderia pirar-se novamente, de facto, a lei está do lado dela.

Também é verdade que a senhora ainda não foi julgada e daí não podermos afirmar que a senhora seja culpada seja lá do que for que está acusada. É inocente até prova em contrário.

E eu também sei que a estátua da Justiça é cega. Escusava era de ter piscado o olho à Fátima sempre na hora certa, ou seja, na hora em que sempre lhe dava, deu e continua a dar jeito.

Por isso, sim, eu indigno-me que um comportamento como o desta mulher passe assim, como se de apenas se tratasse de artigos e alíneas. A lei é dura cumpra-se a lei. Agora, não me façam é pôr umas vendas nos olhos, porque as leis servem os homens e quando não são boas, mudam-se (aliás, a lei dá até margem para outra decisão, mas vá). E leis que favorecem este tipo de comportamentos não são boas, não podem ser.

Por isso esta situação vai continuar a escandalizar-me e a fazer sentir-me envergonhada enquanto cidadã deste país (embora já não coloque de parte a emigração para o Brasil - a gaja veio de lá com um bronze do cacete...).

23.9.05

Alegadamente....

Desde que começou o processo Casa Pia que toda a gente sabe que tem de usar a palavra alegadamente.

Alegadamente porque é uma forma de todos se defenderem de levarem um processo em cima.

Ora, alegadamente, há gente que assim não entende. E até houve aí uma discussão há uns tempos sobre uma crónica de Clara Ferreira Alves, que alegadamente tinha chamado a vaca pelo nome. Ou seja, tinha alegadamente dito que a Fátima devia estar presa.

Ora, isto é alegadamente muito feio de se dizer.

Como alegadamente ficou comprovado pela juíza que pôs Fátima em liberdade. É que, segundo o Diário de Notícias, a juíza Ana Gabriela Freitas (alegadamente foi ela) considerou que a ex-autarca «encontrava-se ausente, alegadamente no Brasil», numa situação de «aparente fuga à justiça».

Aparentemente, a senhora não fugiu. E pelos vistos também não é certo que esteve no Brasil.

Eu diria mais, senhora dona Ana Gabriela Freitas (vénia, vénia, vénia).

Fátima Felgueiras até nem voltou. Ela alegadamente nem sequer teve uma ordem de prisão. Aliás, ela aparentemente nem é candidata e as pessoas que andam atrás dela aos beijos são, alegadamente, doidos fugidos de hospitais.

Porque aparentemente isto não está a acontecer.
Mas parece que, alegadamente, acontece.

22.9.05

Love is stronger than justice...

Ontem à noite escrevi um post sobre a Fátima, que metia asma, facturas esborratadas e a cabeleireira Anabela. Mas quando ia publicar o blogger entrou em manutenção.

E já que fui censurada pelo blogger e não me apatece escrever aquilo tudo outra vez porque só me apetece dizer grandes asneirolas quando vejo aquela f*+&#depu**&%#"$, vou antes falar de amor.

Acho que o Jaime está apaixonado. Ela chama-se Matilde. Cada vez que entro no infantário ele mostra-me a fotografia da «Tiiide» e ontem quando lhe perguntei se ele gostava da Matilde fez um sorriso muito grande e os olhos brilharam...

Será que a Matilde também quer emigrar se a Fátima ganhar as eleições ou o meu filho vai ter um desgosto de amor ainda antes dos dois anos?

20.9.05

Estão a sentir?

Ouve-se nas notícias:

«Espera-se que a tempestade Rita passe ainda hoje a furacão....»

Aaahhhh! Agora já percebo!

A pílula vai deixar de ser comparticipada, mas não faz mal, porque os genéricos sobem de preço e assim já se pode comprar Ben-u-ron muito mais barato que paracetamol (genérico) e ainda sobra para a Mercilon.

Assim, tá certo.

O Zé Mário Branco ainda vá, agora...

.... alguém me explica como é que o António Barreto pode apoiar o José Sá Fernandes para a Câmara Municipal de Lisboa?

E a Maria Filomena Mónica não o põe a andar de casa por isso?

19.9.05

EU NÃO QUERO!!!!!!!!

Estou a vê-lo e a ouvi-lo em directo na televisão e a sério, a sério, mesmo pá, não estou a brincar, estou a pedir, a implorar, não posso berrar porque enfim, senão já estava no meio do chão a agitar pernas e braços, mas....


EU NÃO QUERO QUE O CAVACO SILVA SEJA PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM QUE EU HABITO!!!! POR FAVOR!!!!!!

15.9.05

Coração de ferro

«Os médicos estão lá durante o tempo da ecografia, mas não estão lá nas noites de insónia, nas noites de pranto, nos dias de angústia, não limpam as lágrimas... e o pior é que nem sempre pensam nisso.»

Este último parágrafo que a Ana escreveu resulta de um drama dela e de um drama de uma amiga nossa. E com certeza e infelizmente de um drama de todos os dias para algumas pessoas.

Foi à custa de grandes avanços científicos que a morbilidade infantil diminuiu, que a mortalidade durante os partos se reduziu ao mínimo, que as possibilidades de escolha dos pais face à situação de saúde dos seus filhos aumentaram. Mas como em tudo na vida, há os prós e os contras.

Os prós são todos quando tudo corre bem. Quando nada de estranho ocorre numa ecografia, numa análise, num CTG...

Os contras são muitos quando se levanta a suspeita.

Há uma regra de ouro entre os médicos, creio: a de que, por mais exames que se façam aos fetos, nunca há a garantia de que tudo está bem. O que é, a meu ver, correctíssimo.

Mas depois há os exageros.

Há os exageros das ecografias de embarda, porque o médico tem lá a maquineta e cada vez que se vai à consulta espreita-se o bebé, mesmo que esse médico não seja nem de longe nem de perto especialista em ecografias. E o stress começa logo às seis ou sete semanas em vez de começar às doze, a altura em que deve ser feito o primeiro dos 3, sim 3, exames ecográficos recomendados.

Depois vêm os indicadores. INDICADORES. O nome, como se pode ler, indica tudo. Indica ser algo indicativo. Indica que pode ser um indício. Indica que pode haver indicação para se realizarem novos testes para mais indicadores. Mas é SÓ isto.

Um dos primeiros indicadores que se mede é a famosa translucência da nuca (ou medida da prega da nuca) que, caso tenha um valor anormal, INDICA que o bebé pode sofrer de uma qualquer alteração cromossomática. Mas o bebé também pode não ter nada.

Só que perante isto, as mulheres ficam à toa. Tanto podem calhar nas mãos de um médico que lhes diz, «tenha calma porque já vi bebés com translucências muito mais anormais e estava tudo bem», como podem apanhar outro que diz «com estes valores é quase certo que o bebé não seja saudável». E podem crer que entre um aborto por medo e o nascimento de uma criança normal vai um passo bem pequenino...

E logo a seguir o famoso rastreio bio-genético, que é opcional para umas grávidas e compulsório para outras. Eu pude escolher, uma amiga minha limitou-se a pagar. E o mais interessante de tudo é que este rastreio tem DEZ POR CENTO de fiabilidade. Sim, DEZ POR CENTO. Ou seja, em 100 por cento de positivos - que são enviados para uma amniocentese, um exame com risco de aborto - 90 por cento dão negativo.

E continuamos com o stress por aí fora.

Mas no caso desta nossa amiga o problema é outro. Ela está há dois meses e meio com a suspeita de que o bebé tem uma malformação cardíaca. A médica viu algo estranho no coração do bebé às 12 semanas. Mandou fazer um ecocardiograma e o médico, contrariado, lá fez. Contrariado porque habitualmente nada se faz a este nível antes das 22 semanas, PORQUE NADA SE VÊ.

E ela, agora com 22 semanas, continua na mesma. NADA SE VÊ. Ou melhor, uns vêem qualquer coisa, outros não vêem nada.

E ela, com a barriga a crescer, que já sente o bebé, que já sabe que é um rapaz, anda há semanas, ecografia após ecografia, manhãs inteiras em hospitais, está tudo bem, afinal não está, não se vê bem, tem de repetir, não sabe o que pensar. Não sabe o que sentir.

E a única coisa com que ela podia contribuir para o bem estar do bebé, que era viver uma gravidez com tranquilidade, foi-lhe retirada pelas máquinas e pelas sondas e pelas inúmeras opiniões de médicos que não lhe conseguem dizer nada. Mas que abriram a boca perante uma ligeira suspeita. Uma suspeita que não havia maneira de confirmar a tempo de decidir coisa alguma.

E por isso ela e ele, que eu acredito nascerá saudável e brincará com o meu filho e com os da Ana e com os outros todos que hão-de vir, vivem neste limbo, nesta luta, nesta ansiedade. A medicina tem coisas maravilhosas, mas a ciência sem bom senso e sem sentimentos às vezes de pouco serve. Ou melhor, às vezes, deixa-nos doentes.

Importa-se de repetir?

O slogan da putativa (não é bonita esta palavra?) candidatura de Fátima Felgueiras é:

SEMPRE PRESENTE

.

13.9.05

Hora

Para o Tomás, 3 300 kg, 49 cm


Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sem Floyd e muito Pop

Andy Warhol, no MoMa

HAPPY BIRTHDAY, MISS POP, HAPPY BIRTHDAY TO YOU......

12.9.05

Põe na lista, anda...




- E para o menino, o que vai ser?
- Sashimi...

10.9.05

A married girl in the city (pode ser que venha a dar uma série)

O dia começou bem.

Comprei umas calças 38 que me ficam realmente bem, fazem-me parecer meeesmo magra e ainda um top de alças lindo, com bordados e penduricalhos e uma fita para atar à cintura (é de alças, está bem, mas andei o verão inteiro com isto fisgado e só agora é que me assenta decentemente).

Recebi um sms com um elogio ao trabalho.

Vim dar umas voltas ao universo bloguístico e agora vou fazer compota de marmelo. Se saír como deve ser, só vai ficar a faltar a vitória do Glorioso logo à noite para o dia ser, verdadeiramente, perfeito.

O Jaime acordou da sesta. Olha, que se lixem os marmelos. Vamos brincar agora.

Eu até gostava de um gajo que gostasse de Lisboa....

... mas já agora que soubesse o que ia para lá fazer.

(Isto vem a propósito do debate de ontem na SIC Notícias entre Maria José Nogueira Pinto e José Sá Fernandes. Ela deu dez a zero. E tem boas ideias e tudo. O gajo não sabe dizer nada além de «temos de aproximar as pessoas» e não faz puto de ideia quais são as competências de uma autarquia. A Zezinha deua estocada final, quando lhe disse o papel que reservaria para ele em Lisboa: Provedor dos Lisboetas. Eu não me recenseei a tempo e vou ter de votar em Sintra - horror! - mas se votasse em Lisboa e juro que nunca pensei dizer isto na minha vida, preferia a Zeca ao Zé. De longe, de muuuuuiiiito longe.)

Coisas que um gajo deve dizer a uma gaja, mesmo quando já não é preciso engatá-la...*

«Fui ver um filmaço, hoje. Havia lá uma actriz que tinha um sorriso quase tão bonito como o teu....»


* título de inspiração caipiriana (onde andas tu mulher?)

9.9.05

A esquerda é uma cambada de gajas

Eu detesto generalizações. Detesto. Mas às vezes temos de usar assim umas imagens que podem sugerir uma ligeira generalização... Este é o caso.

Descobri hoje que a esquerda é uma cambada de gajas e a direita um grupo de gajos.
Isto porque segundo as últimas sondagens sobre as presidenciais, que dão vitória ao Cavaco, um terço do eleitorado do Bloco de Esquerda e 11 por cento do eleitorado do PCP vai votar Cavaco.

Na direita, e apesar de o Cavaco ser odiado pelo CDS/PP (que ficou reduzido a partido do Táxi, se bem se lembram, quando o Professor nos primeiro-ministeriou), a maioria vota Cavaco.

Ou seja: a esquerda são as gajas invejosas, que preferem votar num gajo que sempre odiaram, a ver neste caso a gaja mais popular (Soares) ficar outra vez com o poleiro. Já a direita é um grupo de gajos que, no matter what, defendem o seu amigalhaço sem grandes perguntas sobre o assunto...

Eu acho que há solidariedades um bocado estúpidas entre os machos, mas há invejas deveras parvalhonas entre as mulheres. Estou mortinha por ver a Ana Drago com um autocolante «Cavaco é bolo-rei! Viva a fruta cristalizada!» e o Bernardino Soares dizer que afinal, aquelas maiorias absolutas do PSD foram os melhores anos que Portugal viveu.

8.9.05

Tcharannnnnn!!!!!


Dartacão, Dartacão, correndo grandes perigos!!!!!

PS: não consegui pôr aqui o raça do linque para o teste, mas o Dartacão não se intimida com qualquer coisa. Aliás, sabem o que ele faz àquela maçãzita com a espada, não é? Ah, pois é....

7.9.05

Eu já desconfiava, mas....

You are .doc You change from year to year, just to make things tough on your competition. Only your creator really has a handle on you.
Which File Extension are You?

E também é assim, parte II

Para ver se a reputação do Luís Costa Ribas não fica afectada pelo facto de ele ter finalmente comido uma boa refeição, deixo aqui outro relato.

Domingo, 4 de Setembro

Acordei às 06h15, dorido e mal descansado. Às 07h00 (hora de Lisboa) tenho o primeiro directo para a SIC Notícias. O jantar tinha sido barras de cereais, proteínas e água. O pequeno-almoço foi barras de cereais, proteínas, água e um refresco enlatado de cafeína.

Sinto-me pouco à vontade, tal como os restantes jornalistas.
Olhamo-nos por cima do ombro, a passar os toalhetes no tronco e a mudar de t-shirt junto ao carro, na rua, transformando rituais privados em relutantes espectáculos públicos.

Depois do directo fui para o centro de Nova Orleães, dei boleia ao Miguel (um colega do diário catalão "La Vanguardia"). Atravessamos o condado de Jefferson às cegas, não sabemos o que está inundado, arriscamos a ir pela rua abaixo, onde o nível da água é demasiado alto para o jipe, voltamos para trás e procuramos outra passagem, para a encontrarmos bloqueada por árvores derrubadas - e assim fomos circundando a inundação durante duas horas e meia.

Os bairros estão desertos, mesmo perto de Nova Orleães, apesar de aqui se ver ocasionalmente alguém na rua caminhando como se estivesse em transe ou como se fosse um zombie. No bairro mais pobre, percebe-se logo onde aconteceu a pilhagem: portas arrombadas, vidros partidos no chão, os restos dos saques espalhados pelos passeios e pelas ruas.

Já perto da baixa, no cruzamento das ruas "Jackson" e "Magazine", uma mulher foi "sepultada" no passeio, o corpo está rodeado de tijolos e coberto por um plástico branco, onde alguém escreveu "Aqui jaz Vera, que Deus se compadeça de nós". Em redor do Centro de Convenções há o que parecem ser toneladas de detritos e destroços deixados pelos refugiados, que parecem ter castigado mais o edifício do que o próprio furacão o fez. Lá dentro o cheiro das fezes, urina, e restos de comida podre ofereciam uma combinação nojenta.

Ali perto a polícia e soldados tinham o seu quartel-general. Xerifes a cavalo patrulham a cidade, "emprestados, como não podia deixar de ser, pelo Texas". O histórico "Bairro Francês" levou uma boa tareia. A maioria das ruas está seca, uma pequena parte continua submersa, mas o nível da água já não parece ser muito alto. Felizmente o bairro livrou-se da sorte que outras zonas vizinhas não tiveram, onde as águas subiram quinze metros.

Mas a lendária "Bourbon Street" nunca se deve ter sentido tão abandonada, a não ser nas manhãs de Ano Novo ou da Quarta-feira de Cinzas. Nova Orleães, a velha boémia, está estafada e ao abandono. À tarde levei mais de meia hora para ir atestar o carro e, após uma fila interminável na estação de serviço, julguei que os inconvenientes do dia tinham passado.

A reentrada na cidade durou mais de duas horas, devido a uma barreira policial que só deixava passar residentes de certos bairros e jornalistas. Assim torna-se muito difícil ser produtivo. Mais uma noite no carro. Ainda por cima choveu copiosamente e o barulho da água a bater no capot da viatura contribui para a insónia e, como se isso não chegasse, a SIC acordou-me à uma da manhã. A TSF logo a seguir. O pior de tudo é que mesmo em frente ao carro onde durmo, está o hotel Hilton a fazer pirraça - aparentemente intacto, mas fechado por não ter água e electricidade.

6.9.05

Pois é, é assim é

O Luís Costa Ribas está em Nova Orleães. Trabalha para a SIC e para a TSF. E agora relata aqui os seus dias de trabalho. Tirei o link daqui e subscrevo a opinião do JPH. Fica um excerto:

«Após o directo do Jornal da Noite fui à procura de gasolina, tão difícil de encontrar como a cerveja, mas consegui atestar a 45 quilómetros da cidade. O jantar foi com um amigo da CBS, o operador de câmara Mário Rui de Carvalho.
A CBS tem 38 pessoas em Nova Orleães, dois traillers para escritórios, meia dúzia de auto-caravanas e mais de uma dezena de jipes. Todos os dias vêm de Baton Rouge, a 140 quilómetros de distância, dois autotanques com combustível para as viaturas e a colecção de geradores de energia eléctrica da CBS. Com o gerador e a água que vem de fora, o pequeno restaurante ali ao lado abriu para cozinhar refeições para a equipa da CBS.
O menu do jantar foi entrecosto grelhado com molho de barbecue, feijões estufados com pedacinhos de chouriço e salada de alcachofras e palmitos. Depois das overdoses de água e barras de cereais, um jantar destes foi uma festa. A influência da cadeia de TV americana traduziu-se ainda na principesca presença de duas caixas frigoríficas cheias de cerveja.
Já agora, vinha mesmo a calhar um banho de chuveiro, mas para não variar vou dormir no carro.»

Pois é, não é? É.

Dry your eyes mate....

Com um sotaque que me faz lembrar um país lá do outro lado do mundo, onde se diz «g'day mate» e «no worries», aqui fica esta música dos Streets. Porque sim, porque gosto de a ouvir, porque apesar de ser triste permite sempre um g'day mate, lá do país onde há fish&chips, mas na variante sem jornal e com marisco. O país da barreia de coral, das Blue Mountains, dos doze apóstolos da costa de Victoria, do cosmopolitismo europeu dos eléctricos de Melbourne e da beleza de Sidney. Que pena ser tão longe. Embora?


In one single moment your whole life can turn 'round
I stand there for a minute starin’ straight into the ground
Lookin’ to the left slightly, then lookin’ back down
World feels like it’s caved in – proper sorry frown
Please let me show you where we could only just be, for us
I can change and I can grow or we could adjust
The wicked thing about us is we always have trust
We can even have an open relationship, if you must
I look at her she stares almost straight back at me
But her eyes glaze over like she’s lookin’ straight through me
Then her eyes must have closed for what seems an eternity
When they open up she’s lookin’ down at her feet
Dry your eyes mate
I know it’s hard to take but her mind has been made up
There’s plenty more fish in the sea
Dry your eyes mate
I know you want to make her see how much this pain hurts
But you’ve got to walk away now
It’s over
So then I move my hand up from down by my side
It's shakin’, my life is crashin’ before my eyes
Turn the palm of my hand up to face the skies
Touch the bottom of her chin and let out a sigh
‘Cause I can’t imagine my life without you and me
There’s things I can’t imagine doin’, things I can’t imagine seein’
It weren't supposed to be easy, surely
Please, please, I beg you please
She brings her hands up towards where my hands rested
She wraps her fingers round mine with the softness she’s blessed with
She peels away my fingers, looks at me and then gestures
By pushin’ my hand away to my chest, from hers
Dry your eyes mate
I know it’s hard to take but her mind has been made up
There’s plenty more fish in the sea
Dry your eyes mate
I know you want to make her see how much this pain hurts
But you’ve got to walk away now
It’s over
And I’m just standin’ there, I can’t say a word
‘Cause everythin’s just gone I’ve got nothin’
Absolutely nothin’
Tryin’ to pull her close out of bare desperation
Put my arms around her tryin’ to change what she’s sayin’
Pull my head level with hers so she might engage in
Look into her eyes to make her listen again
I’m not gonna fuckin’, just fuckin’ leave it all now
‘Cause you said it'd be forever and that was your vow
And you’re gonna let our things simply crash and fall down
You’re well out of order now, this is well out of town
She pulls away, my arms are tightly clamped round her waist
Gently pushes me back and she looks at me straight
Turns around so she’s now got her back to my face
Takes one step forward, looks back, and then walks away
Dry your eyes mate
I know it’s hard to take but her mind has been made up
There’s plenty more fish in the sea
Dry your eyes mate
I know you want to make her see how much this pain hurts
But you’ve got to walk away now
It’s over
I know in the past I’ve found it hard to say
Tellin’ you things, but not tellin’ straight
But the more I pull on your hand and say
The more you pull away
Dry your eyes mate
I know it’s hard to take but her mind has been made up
There’s plenty more fish in the sea
Dry your eyes mate
I know you want to make her see how much this pain hurts
But you’ve got to walk away now
It’s over

2.9.05

Isto está a precisar de animar... (sim, é uma série mas dá muito trabalho contar em que número vai)


Não me digas que te esqueceste da pílula... Desta vez, não cola, querida....

1.9.05

Não há aí mais ideias de génio?

Uma pessoa acorda cedo, chega ao trabalho ainda meio ensonada, a pensar até que hoje pode ser um bom dia, que os incêncios amainaram, que já só falta ouvir o Cavaco e leva com isto pelas trombas abaixo, na manchete do Público:

PÍLULA CONTRACEPTIVA PODE DEIXAR DE SER COMPARTICIPADA

Dizem os entendidos, diga-se o nosso querido Ministro da Saúde (da saúde de quem, gostava eu de saber), que muita gente compra a pílula sem comparticipação, por isso mais vale deixar de comparticipar.

As pessoas serão assim incentivadas a ir aos Centros de Saúde onde a pílula é gratuita. A comparticipação, porém, manter-se-á para os menores de 18 anos.

Ora bem, a ver se eu percebo isto.

Eu compro a pílula muitas vezes sem comparticipação, porque não tenho médico de família, porque de vez em quando vou ao médico do trabalho e ele passa-me receitas para cinco ou seis caixas, ou quando vou ao ginecologista acontece o mesmo.
Mas isso sou eu, que vivo na cidade, que estou informada sobre o assunto, etc. e tal, que até tenho médico na empresa, and so on. Isso sou eu, que não me importo de dar dois ou três euros a mais para não ter de ir buscar receita. MAS HÁ QUEM NÃO FAÇA ASSIM. HÁ QUEM LÁ VÁ E TENHA SEMPRE RECEITAS E PAGUE O MENOS POSSÍVEL, PORQUE O DINHEIRO NÃO ESTICA.

Além disso, gostava de perguntar ao senhor ministro, se ele alguma vez foi a uma farmácia e se já ouviu falar de uma coisa que se chama «venda suspensa», que é a forma como o tuga se desenrasca para ter os medicamentos antes de morrer ou neste caso engravidar na fila de espera dos centros de saúde.

Chegamos portanto aqui:

Num país onde o aborto é ilegal, estamos a desincentivar, ou pelo menos a tornar mais caro, logo a desincentivar, o uso do contraceptivo feminino. O que num país como o nosso, só pode ser uma boa medida. Porque o que o nosso país estava mesmo a precisar era disto. Não é a educação sexual nas escolas, não é o planeamento familiar, não é a legalização do aborto até às 12 semanas, não é a distribuição de contraceptivos o mais barato possível.

Não. O que nós precisamos é de «CORTAR».

Pois corte-se então. Corte-se em quem já tem pouco dinheiro para comprar pílulas e vai deixar de o fazer. Afinal, se calhar o senhor ministro até usa o método do calendário, isto se ele ainda fode, e se o número de gravidezes indesejadas aumentar, podem sempre dizer que os medicamentos para as úlceras continuam a ser comparticipados. Ou que há muita casa de abrigo para crianças abandonadas, ou que o número de casais adoptantes em Portugal é cada vez maior.

Ao senhor Ministro das Doenças um redondo «vá para o caralho que o foda»!